São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Radicais ameaçam eleição palestina

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

A semana da primeira eleição da história palestina, a realizar-se no sábado, começou sob extrema tensão, ante ameaças de extremistas tanto judeus como árabes.
O inspetor-geral da polícia israelense, Assaf Hefetz, anuncia que o grupo planeja um massacre de personalidades israelenses, a começar do premiê Shimon Peres.
"A polícia deve agir agora. Não podemos esperar até que seja tarde demais", diz Hefetz.
Também nesse caso, o governo israelense encara as ameaças "muito seriamente", diz Oren Shahor, comandante do Exército para as áreas de Gaza e da Cisjordânia, o território palestino.
O jornal "Haaretz" diz que o principal alvo seria o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, que chefiará equipe de observadores internacionais.
Como se ameaças não bastassem, ontem houve um falso alarme de bomba no prédio de Shimon Peres (leia texto nesta página).
É natural, por tudo isso, que os serviços de segurança estejam trabalhando em ritmo frenético.
Ainda mais que estão chegando continuamente a Israel personalidades internacionais que, em circunstâncias normais, demandam esquema especial de proteção.
Ontem, chegaram o vice-presidente dos EUA, Al Gore, e o premiê holandês, Wim Kok. Kok hospedou-se no hotel King David e, Gore, no Larome, próximos um do outro. Consequência inevitável: o bloqueio do trânsito nas ruas próximas aos dois hotéis transformou o centro de Jerusalém em um pequeno inferno no início da noite.
Para os palestinos de Gaza e da Cisjordânia, os problemas de isolamento começaram muito antes: as duas áreas estão fechadas pelas autoridades israelenses desde o dia 5, quando foi assassinado Iahia Aiach (o "Engenheiro"), considerado o maior terrorista do Hamas.
No enterro de Aiach, o grito mais ouvido foi: "Peres, prepare os seus caixões". Mas, dez dias depois, não houve a vingança.
Houve, sim, apelos para que os palestinos não votem no sábado, contrariando acordo entre o Hamas e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) para que os radicais, embora ausentes do pleito, não convoquem boicote.
Pelo menos em Hebron, uma das grandes cidades da Cisjordânia a serem entregues aos palestinos, os chefes religiosos islâmicos estão dando a ordem de boicote em termos até heréticos. "É pior votar nessas eleições do que ter relações com a própria mãe em Meca (a cidade sagrada dos muçulmanos)", chegou a pregar um imã.

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