São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Pirotecnia e proezas técnicas fazem o sucesso de "Ladrão de Sonhos"
JOSÉ GERALDO COUTO
"Ladrão de Sonhos" está mais para o barroco surreal de Terry Gilliam ("Brazil", "O Barão de Munchausen"), o que significa que ele bombardeia o espectador com uma orgia de idéias mirabolantes, imagens distorcidas, achados cenográficos. Os efeitos especiais são inegavelmente bons e criativos, sobretudo a multiplicação de um único ator (Dominique Pinon) em meia dúzia de clones que convivem no interior do mesmo plano. Mas esse fenômeno cinematográfico -que custou US$ 25 milhões- possui uma fraqueza básica. Sua história -o drama de um homem (Daniel Emilfork) que é incapaz de sonhar e por isso sequestra crianças para roubar-lhes os sonhos- é infantil demais para os adultos e apavorante demais para as crianças, que além de tudo devem ter dificuldade em acompanhar sua narrativa confusa, seu subtexto, suas referências cifradas a outros filmes. É, em suma, mais uma proeza técnica (para não dizer pirotécnica) do que propriamente um bom filme -e desperta, quando muito, admiração, não emoção. Em todo caso, é um sucesso. Só na França foi visto por mais de 1 milhão de espectadores. O público brasileiro também gostou. A crítica elogiou. Para ir contra um fato inexorável como esse, só invocando a célebre frase de Millôr Fernandes: todo cidadão tem o sagrado direito de torcer pelo Vasco no meio da arquibancada do Flamengo. Além disso, no vídeo o filme perde muito da graça. Vídeo: Ladrão de Sonhos Produção: França, 1995 Direção: Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet Elenco: Ron Perlman, Daniel Emilfork, Judith Vittet Lançamento: Lumière (011/725-7020) Texto Anterior: "Z" permanece atual e se renova a cada escândalo de corrupção Próximo Texto: Indicados os filmes mais chatos de 95 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |