São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996
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Tecnologia é desafio, afirma Dorothea

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A ministra Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) afirmou ontem em Nova York que o maior desafio enfrentado pelo setor industrial brasileiro atualmente é de passar por uma reforma tecnológica.
"Até o ano passado, o maior desafio da indústria era aumentar a produtividade. E isso foi conseguido já que entre 1991 e 1995 o crescimento chegou a 44%. Agora, está na hora de investir nos avanços tecnológicos para não ficarmos para trás", afirmou.
A ministra veio aos EUA para participar do seminário "Brazil Today", organizado pela revista semanal "Business Week". O Brasil foi o primeiro país da América Latina a virar tema de seminário da revista.
Para Dorothea, o setor privado brasileiro precisa investir mais em pesquisa tecnológica. "Infelizmente, a maior parte das verbas destinadas à pesquisa vem do governo. Só no Brasil que acontece isso e precisamos reverter essa tendência."
Segundo a ministra, para que os produtos brasileiros se tornem competitivos no mercado exterior também é preciso que as indústrias lancem uma campanha de marketing para reforçar a qualidade dos produtos nacionais.
"O Brasil está enfrentando agora o mesmo tipo de dificuldade que o Japão teve na década de 60: conseguir associar a idéia de qualidade aos produtos fabricados por nós. Precisamos criar uma grife."
Ontem, a maioria dos participantes do seminário era formada por empresários norte-americanos que investem ou planejam investir no Brasil.
Para ilustrar o crescimento da produção industrial brasileira, Dorothea usou o exemplo da indústria automobilística.
"Até 1994, éramos o nono produtor de automóveis. Já passamos para o oitavo lugar e nossa meta é chegar ao ano 2000 em quinto ou quarto."
Segunda a ministra, em 1994, foram produzidos 1,5 milhão de automóveis no Brasil. Neste ano, a meta é de 1,9 bilhão de unidades fabricadas. Em 2000, a indústria nacional espera produzir pelo menos 3 milhões de carros por ano.
Dorothea afirmou que a maioria dos automóveis fabricados no Brasil terá como destino o próprio mercado interno.
"A média de idade da frota de automóveis nacional é de 14 anos. Nos EUA, a frota não tem mais do que 8 anos de idade média."
Para a ministra, se forem concedidas facilidades de crédito, o consumo interno de automóveis crescerá muito. "No Brasil, há um carro para cada 18 habitantes. Nos EUA, a média é de um carro para cada quatro habitantes."
Dorothea afirmou que não acredita que a expansão da frota vá inviabilizar o tráfego nas grandes cidades.
"O Brasil não é São Paulo. Há muitos lugares em que a frota pode crescer sem prejudicar o funcionamento da cidade."
A ministra também disse que não será difícil expandir a participação da indústria nacional de automóveis no mercado externo.
"As próprias montadoras se esfroçam para isso e o governo pode contribuir através do estabelecimento de acordos bilaterais."
Sindicância
Dorothea determinou a abertura de sindicância para apurar as denúncias de envolvimento de funcionários do seu ministério nas fraudes de importação de carros.
Técnicos da Secretaria de Comércio Exterior do MICT teriam participado do esquema de concessão de guias com preços subfaturados destinadas às importações de veículos, o que reduz o preço final do carro e o valor dos impostos recolhidos.
A portaria nomeando a comissão que ouvirá os suspeitos deverá ser publicada até amanhã no "Diário Oficial" da União. A comissão terá um prazo de 30 dias para concluir seus trabalhos.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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