São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996
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Tributo mistura obras de Tom Jobim e Villa-Lobos

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

Um grupo de músicos está reunido em estúdio no Rio de Janeiro para mostrar as principais semelhanças musicais entre o trabalho dos compositores brasileiros Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Antônio Carlos Jobim (1927-1994).
Liderados pelo pianista Gilson Peranzetta, os músicos Arthur Maia (baixo), Marçalzinho (percussão) e Zé Nogueira (sax), estão gravando o disco-tributo "Tom e Villa".
Enquanto executam uma música de um dos compositores, apontam as semelhanças melódicas e harmônicas através de uma música do outro. A partir disso fazem interferências, misturando as faixas através de pontos em comum ou que lembram determinado trecho.
"Criamos uma nova música, que não é uma fusão, mas uma interpretação das obras com citações para as obras do outro", diz Paulo Albuquerque, produtor do disco.
"A concepção corre na base do improviso, tocando, e analisando as partituras vai-se encontrando os pontos em comum, as referências de Villa que Tom utilizou e as semelhanças da estrutura de composição dos dois", diz Albuquerque.
O projeto nasceu em 86, quando um disco semelhante foi lançado pelo grupo. "Naquela época não pudemos usar as composições de Tom com Vinícius, pois tivemos problemas com a editora deste, mas agora o problema está resolvido."
Quatro temas são definidos pelos músicos, dois de Tom e dois de Villa-Lobos. A partir daí começa a seleção das citações que vão sendo sugeridas. O resultado não é uma fusão mas a transposição natural da obra de um compositor para a do outro. "Por enquanto trabalhamos com esse número, mas estudamos para ampliar o repertório."
Entre as referências estão trechos de faixas consagradas, como "Olha Maria" e "Insensatez", de Tom Jobim, e as "Bachianas" e os "Choros", de Villa-Lobos.
Gilson Peranzetta é o músico que estuda, compara e analisa as partituras dos dois compositores. A partir daí, ele estabelece uma nova partitura que serve de base para os músicos. "Depois, ele traz esta partitura para o ensaio e as experimentações fluem naturalmente", diz Paulo.
Segundo o produtor, não é possível planejar minuciosamente o rumo das gravações, já que a intenção é trabalhar com limites das composições através de sugestões espontâneas. "O que nos levou a gravar o álbum foi o fascínio pela idéia do rompimento de barreiras entre o popular e o erudito", afirma, "os dois sempre lutaram por isso."
O disco, produzido de forma independente, fica pronto em março e deve ser comercializado também no exterior.

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