São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996
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Rebeldes prometem soltar reféns em Istambul

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os tchetchenos que sequestraram um barco turco no mar Negro anunciaram que vão soltar os reféns assim que chegarem a Istambul, a maior cidade da Turquia.
Até o início da noite de ontem, eles ameaçavam explodi-lo em frente à cidade, caso suas reivindicações não fossem atendidas.
O líder dos sequestradores, Mohamed Tokcan, falou por telefone com jornalistas e exigiu o fim da ação russa em Pervomaiskaia e a independência da Tchetchênia e de outras regiões do Cáucaso.
O pedido dele não surtiu resultado imediato. A Rússia continuou atacando os rebeldes no Daguestão (leia texto abaixo).
Por causa do mau tempo no mar Negro, o barco deve chegar ao estreito de Bósforo (que liga o mar Negro ao Mediterrâneo) apenas na noite de hoje ou amanhã.
Não se sabe quantos russos há no barco, sequestrado anteontem no porto de Trebizonda. Segundo a agência "Itar-Tass", são 95.
O capitão, Mustafa Tuncay, disse que russos e turcos estão separados. Segundo Tuncay e Tukcan, não há feridos a bordo.
Tukcan havia dito, no começo do dia, que libertaria apenas os turcos, porque seu grupo não tem "nenhuma diferença com Ancara". Negociações com o governo fizeram-no mudar de idéia.
Há um certo apoio à causa tchetchena entre a população turca. Ambos os povos são muçulmanos. A Tchetchênia já foi parte do Império Otomano.
O Ministérios das Relações Exteriores da Turquia afirmou condenar o atentado e disse que ainda não decidiu se vai permitir que o barco entre no estreito. A Marinha turca segue o Avrasya à distância.
Segundo o ministro do Interior, Teoman Unusman, Tokcan é um turco que já combateu ao lado dos rebeldes tchetchenos. Há também tcherkasses e abkhazes (duas outras etnias do Cáucaso) no grupo.
O governo russo disse que já havia alertado a Turquia para o perigo de o terrorismo tchetcheno chegar a seu território. Segundo os russos, a Turquia não deu atenção.
O governo turco nega ter sido advertido do risco e acobertado as atividades dos terroristas.
A Rússia ordenou que todos os cruzeiros marítimos entre o país e a Turquia sejam suspensos. Há grande trânsito de russos que vão à Turquia fazer compras, aproveitando os preços baixos.
Em outra ação de sequestro, rebeldes tchetchenos tomaram 37 pedreiros que trabalhavam em Achkhoi-Martan, 40 km a oeste de Grozni, capital da Tchetchênia. Anteontem, 30 operários de uma usina elétrica já haviam sido sequestrados.
O comando rebelde tchetcheno disse que há 80 russos detidos na República Autônoma separatista, mas que o seu líder, Djokhar Dudaiev, não tem relação direta com nenhum dos atos que estão sendo cometidos neste momento.

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