São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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Olho no Congresso; Postura crítica; Misericórdia; Despedida

Olho no Congresso
"Gostaria de parabenizar a Folha pelo caderno especial Olho no Congresso, publicado no dia 14 de janeiro. O caderno está bem-feito, entretanto contém um grave erro sobre o número de vezes que faltei a sessões da Câmara dos Deputados. Os jornalistas consideraram como falta o meu não-comparecimento às sessões da Câmara no período de 1º de agosto a 10 de outubro de 1995, quando estava em licença parlamentar para cuidar de interesses particulares. Permaneci nesse período em São Paulo administrando problemas familiares graves, entre os quais doença de um dos membros da minha família. Durante o período de licença não recebi qualquer remuneração, não causando danos ao erário."
Adhemar de Barros Filho, deputado federal pelo PPB-SP (Brasília, DF)

Nota da Redação - A informação de que o deputado se licenciou para tratar de interesses particulares foi publicada no caderno Olho no Congresso.
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"Parabéns pela publicação Olho no Congresso. Trata-se de um encarte de altíssimo nível, que reflete -de forma isenta e com profundidade- o trabalho do Congresso Nacional durante o ano de 1995. Em segundo lugar, gostaria de ver corrigida uma falha lamentável no que se refere à minha presença no plenário. A única falta não-justificada apontada pelo encarte na verdade não aconteceu. Na sessão do dia 14 de dezembro de 1995 compareci e presidi parte da sessão da Câmara dos Deputados, conforme pode ser comprovado pela declaração do excelentíssimo presidente da Casa, deputado Luiz Eduardo Magalhães, baseada nas notas taquigráficas da sessão."
Ronaldo Perim, primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados pelo PMDB-MG (Brasília, DF)

Nota da Redação - O nome do deputado não constava dos registros oficiais de presença repassados à Folha pelo Departamento Pessoal da Câmara relativos ao dia 14 de dezembro.
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"Estou remetendo cópia de expediente da presidência da Câmara designando o deputado Firmo de Castro para cumprir missão oficial no exterior, de 10 a 19 de outubro de 1995, período em que teve suas faltas justificadas, com base no Regimento Interno da Câmara."
André Amaro, da assessoria de imprensa da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara (Brasília, DF)

Nota da Redação - O caderno Olho no Congresso foi feito com base em documentos do Departamento Pessoal da Câmara (sobre frequência de parlamentares) e da Terceira Secretaria (responsável pelo controle de justificativas). Nenhum deles registrou a viagem do deputado.
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"Encaminho cópia de declaração da Câmara dos Deputados assegurando minha presença a todas as sessões desta 50ª Legislatura, ao contrário do que publicou o suplemento Olho no Congresso."
Nelson Marchezan, deputado federal (sem partido-RS) (Brasília, DF)

Nota da Redação - Os dados fornecidos pelo Departamento Pessoal da Câmara apontavam uma falta no dia 26 de outubro para o deputado. O departamento detectou o erro no seu relatório e fez a correção no dia 19 de dezembro, não comunicando a mudança à reportagem da Folha, que concluiu sua coleta de dados no dia 15, término do ano legislativo.

Postura crítica
"Decepcionada com a constante ausência de postura crítica do jornal, tenho três pontos a criticar apenas na edição de 17/1. Começo pelo mais grave: mais uma vez a Folha simplesmente passa a mão na cabeça do senador ACM e de seus histéricos ataques ditatoriais. Nenhuma linha publicada pelo jornal em 17/1 explica se o senador teve embasamento legal para proibir o depoimento do brigadeiro Ivan Frota na comissão que preside, de investigação do Sivam. Pelo menos a Constituição assegura o direito à liberdade de expressão. Será que o regimento interno do Senado ou as vontades de ACM se sobrepõem à Carta Magna? E com a anuência da Folha? Por que a própria Folha, com tanta tradição em jornalismo investigativo, não foi averiguar se a defesa apresentada pelo ministro Sérgio Motta diante das acusações do líder do PL, Valdemar Costa Neto, procedem ou não? Será que o jornal considera o primeiro escalão de FHC imune à corrupção, ao contrário de qualquer outro governo? Onde foi parar a criticidade tão salientada nos sucessivos manuais de redação deste jornal? Ou será tratar-se de uma camarada condescendência com o simpático Serjão, acostumado a conviver intimamente com jornalistas de São Paulo, até em sua casa de praia de Porto de Galinhas? Metido a 'side' intelectualizado, o texto 'Citações embalam almoço', na pág. 4, traz uma série de erros elementares que descredenciam todo o seu palavrório francês. O uísque é Johnnie Walker, não 'Jonny Walker'; tenho dúvidas quanto à sua idade, mas acho ser envelhecido 21 anos e não 60; o vinho tinto escreve-se Châteauneuf du Pape, em vez de 'Chateau Neut-du-Pape'; e não se comem batatas 'sotté'. Finalizando: como leitora da Folha, me pergunto a cada nova edição: por que o jornal, que alcançou a posição de maior diário do hemisfério sul com um marketing calcado no 'rabo preso com o leitor', engole mais e mais versões que favorecem a administração FHC? O que está acontecendo? É preguiça, desleixo ou a próxima edição do Manual de Redação será prefaciada pelo presidente da República?"
Kátia Cubel (Brasília, DF)

Nota da Redação - Leia seção Erramos abaixo.

Misericórdia
"A partir do recente episódio da reforma na Previdência, nós podemos concluir que FHC errou no seu prognóstico. A esquerda do Congresso não é burra. É simplesmente estúpida. Que Deus tenha misericórdia de nós, pois eles não sabem o que fazem."
André Barroso de Melo (Fortaleza, CE)

Despedida
"Gostaríamos de dizer 'até logo' ao jornalista Josias de Souza, mas sentimos que estamos mesmo é dizendo 'adeus', como já aconteceu com outros grandes astros da coluna, especialmente Gilberto Dimenstein. Na medida em que esses defensores da moralidade e dos bons costumes políticos se distanciam da opinião pública garanto que muita gente cujo nome está no rol das pastas cor-de-rosa, laranja ou qualquer que seja a cor, bem como os beneficiários de negociatas envolvendo Sivam, Previdência etc., todos respirarão um pouco mais aliviados, pois terão certeza de que não surgirá nenhum 'pink file gate' ou 'sivamgate'. A estratégia de afastar homens que têm a coragem de dizer a verdade, doa a quem doer, está dando certo para os 'intocáveis' do sistema!"
Miguel Martins Fernandes (Novo Horizonte, SP)

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