São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 1996
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Testosterona a mil mostra paciência rara

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, a teenbolada do velho Lobo do fut Zagallo é um daqueles timinhos que qualquer um gostaria de adotar para o resto da vida. Ainda irregular no seu verde que te quero verde é, no entanto, já bastante experiente dentro daquilo que antigamente se chamava de cancha.
O jogo da madrugada de ontem, contra a parada duríssima da seleção da terra dos bravos, mostrou que há preparo psicológico para os momentos decisórios desses novos canarinhos de calças curtas.
Com a cabeça no lugar, com uma paciência rara para jovens com a testosterona a mil, o time soube esperar o momento certo de decidir e executou a seleção norte-americana com uma frieza de causar inveja a um Dunga germânico.
Que esta juventude tem futebol, ninguém duvidava. Mas seria um time capaz de provar o desafio de um torneio eliminatório para a Olimpíada, como o que vem por aí?
Seja qual for o resultado deste torneio nos EUA, no próximo domingo, a teenbolada do velho Lobo do fut Zagallo já demonstrou que tem estrutura mental para enfrentá-lo.
Dida, elegantíssimo em seu uniforme novo, é um goleiro em ascensão e com grande carisma, coisa que anda faltando aos goleiros da seleção.
Zé Maria é a nossa grande alternativa pela lateral direita, setor esse que mais preocupa nos horizontes do futebol brasileiro (as jogadas por este setor são importantíssimas, e nós sempre estivemos muito bem representados na asa direita).
Carlinhos, parece-me, é o nome que mais inspira cuidados no time, mas Narciso, em excelente fase, demonstra uma experiência espessa demais para quem tem pouco tempo de vida útil com a camisa verde-amarela.
O André recuperou aquele seu futebol fino, elegante, até mesmo bem educado na hora que passa pelos seus adversários.
Amaral, que não foi tão bem no apoio no jogo contra os EUA, já pode, no entanto, sozinho, cantar a canção de ninar gente grande.
Flávio Conceição, em que pese ter deixado no banco o Zé Elias, talvez superior tecnicamente, foi opção correta de Zagallo, pois está entrosado com o Amaral.
Arilson trocou funções mais criativas à frente por um papel mais executivo atrás. Poderia estar um pouquinho menos discreto.
Jamelli, bem, Jamelli eu não tinha dúvida. Uma vez em campo, no lugar de Souza, jamais perderia o lugar. É um jogador moderno, de extrema mobilidade, altamente concentrado no jogo. Seu pecado? Ser um pouco afoito no toque de bola, tornando os passes imprecisos. Mas é só.
Seu antigo companheiro da teenbolada são-paulina, o Caio das garotas, parece que também andou aprendendo a se posicionar melhor em sua meia-temporada milanesa.
Sávio? Bem, o Sávio joga em qualquer time. O poder ultrajovem, a novíssima geração do fut, é uma arma quente. Aleluia.

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