São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 1996 |
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Deformação financeira A ligeira alta dos juros promovida ontem pelo BC não só conteve a desejável tendência de queda das taxas básicas como remete à questão ainda mais dramática do custo financeiro para os tomadores finais. A enorme cunha imposta pelo governo faz com que o financiamento da produção custe 4%, 5% ou mais ao mês. Isso equivale a pagar juros reais de 45% a 65% ao ano. Para a pessoa física, as taxas são ainda mais absurdas. Mesmo a manutenção dos juros básicos na casa dos 15% anuais acima da inflação é difícil de justificar. Os dados de desemprego são claros e o ministro do Trabalho propôs entendimentos para amenizar a situação, em reconhecimento de que o problema é grave e não faz sentido arrochar tanto a economia. Existe amplo consenso nas previsões de que nos próximos meses os índices de inflação serão baixos, o que enfraquece argumentos baseados no risco de descontrole. Por fim, as reservas internacionais continuam crescendo, e a entrada de capitais externos acelerou-se neste ano. Afluíram para o Brasil US$ 131,4 milhões em média a cada dia útil de janeiro. Em dezembro último, essa média foi de US$ 71,5 milhões e nos últimos 12 meses, de US$ 54,1 milhões. É óbvio, assim, que juros tão altos tampouco são necessários para equilibrar o balanço de pagamentos. O elevadíssimo custo dos juros básicos para o setor público e as taxas impagáveis cobradas pelos empréstimos ao setor privado mostram uma situação evidentemente insustentável. Não há, dentro da lei, atividade que permita pagar por um financiamento algo como 50% ou 60% ao ano acima da inflação. Próximo Texto: No varejo das reformas Índice |
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