São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ambiente pré-Real é base
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Tomando números aproximados, considerou uma inflação mensal de 40%, que impunha uma desvalorização a três itens: o dinheiro em circulação, os depósitos à vista, não-remunerados, nos bancos, e os recursos que os bancos tinham de deixar depositados no Banco Central. Esses três itens representavam 1,5% do PIB. A desvalorização desse dinheiro não ocorria de uma só vez. Dependia de quanto o tempo o dinheiro ficava parado nas mãos do titular. Assim, um trabalhador que recebesse mil cruzeiros e gastasse tudo no mesmo dia, não teria sofrido perda. Se, ao contrário, gastasse tudo no último dia do mês, teria sofrido a perda de toda a inflação daquele período de 30 dias. Perda Uma pela outra, Toledo calcula que, com inflação de 40% por mês, o dinheiro e os depósitos sofriam uma perda de um terço de seu valor. Isso dá um imposto inflacionário, uma perda de valor aquisitivo, de 6% do PIB. Desse total, nota Toledo, 4% eram apropriados pelo Banco Central e os outros 2% pelos bancos. Só que os bancos, observa o economista, devolviam boa parte disso ao público, não cobrando tarifas pelos serviços, ou ao governo. Assim, conclui, com a estabilidade da moeda, o setor privado não financeiro deixou de perder pelo menos cerca de 4% do PIB. Em dinheiro de hoje, seriam R$ 25,5 bilhões por ano. Com a inflação atual, de 1,5% ao mês em média, e considerando que as pessoas carregam mais dinheiro no bolso e deixam mais em depósito à vista, pois não é preciso fugir da desvalorização diária, Toledo calcula que o imposto inflacionário está em 0,4% do PIB, ou R$ 2,5 bilhões no ano. Assim, o ganho líquido de renda disponível para consumo é de R$ 23 bilhões/ano. Quem ganhou? Ou, feita a pergunta pelo inverso, quem mais perdia? Quem Perdia Para Toledo, não há dúvida de que o imposto inflacionário é o mais regressivo, isto é, pune mais os pobres, que não tinham conta bancária ou, tendo, não conseguiam acesso a aplicações. A perda ainda é maior para os de menor renda. Por exemplo: uma pessoa que ganhasse 140 cruzeiros e carregasse no bolso, todo dia, 14 cruzeiros, teria uma perda diária incidente sobre 10% de sua renda. Além disso, Toledo indica que havia um outro tipo de imposto inflacionário, aplicado sobre Caderneta de Poupança, FGTS e Pis-Pasep. Esses fundos eram corrigidos, mas com defasagem. (CAS) Texto Anterior: Governo arrecadava R$ 1,5 bi por mês Próximo Texto: Privatização da Petrobrás Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |