São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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PT define 'cavalo de batalha' contra FHC

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do "protocolo da CUT" com o governo sobre a reforma da Previdência, a direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) desenhou ontem, em reunião em São Paulo, o perfil de seu "cavalo de batalha" contra o governo Fernando Henrique Cardoso. A questão do desemprego é prioridade do partido (veja quadro).
O polêmico "protocolo de intenções da CUT" serviu, na avaliação da cúpula petista, para esfriar o ânimo para grandes atos contra o governo "neoliberal", como a manifestação de protesto marcada para 30 de janeiro.
Embora aposte em que a questão da Previdência ainda vá voltar a esquentar assim que os termos do acordo ficarem claros, a direção do PT admite que FHC saiu na frente, mais uma vez -só que com a chancela da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
"A questão número um é o desemprego. Hoje, segundo a Fiesp e o Secovi, temos 1,1 milhão de desempregados. No campo, a quebra da safra, da produtividade e a redução da área cultivada geraram mais 850 mil excluídos", avalia Aloizio Mercadante, segundo vice na Executiva Nacional do PT.
A idéia do PT é manter um acampamento permanente de desempregados diante do Palácio do Planalto. A agenda social é o cavalo de batalha do PT em 1996.
O partido crê que haverá, ainda neste ano, demissões em massa nos bancos e que a economia informal deve crescer ainda mais. É aí que a reforma da Previdência, esperam os petistas, pode voltar a gerar forte oposição a FHC.
Segundo o PT, para reduzir os gastos sem fazer uma crucial reforma fiscal e tributária, FHC quer excluir milhões de trabalhadores do direito previdenciário ao tentar abolir da Constituição a aposentadoria por tempo de serviço.
"Quando as pessoas entenderem o efeito das propostas do governo, a questão voltará revigorada", disse Mercadante.
Até mesmo as divergências do PT com a CUT contribuíram -ainda que furtando a curto prazo uma bandeira da oposição- para alertar a sociedade para o tema da Previdência, segundo José Dirceu, presidente do PT.
Além disso, avalia o deputado federal José Genoino (SP), o próprio governo vai ter de negociar a reforma previdenciária com sua base parlamentar. "É bom lembrar que FHC sofreu uma derrota na mesma época em que negociava com as centrais sindicais."
A reforma agrária é outro ponto que a agenda petista enfatiza para pressionar o governo. O objetivo é manter apoio às ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) -no caso, às invasões de terras e à cobrança de mais assentamentos.
A questão do salário mínimo virá atrelada à do desemprego. O PT vai defender redução da jornada de trabalho e exigir um programa de requalificação para demitidos.

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