São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Fora do Senado, brigadeiro vira astro anti-Sivam

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de ter sido impedido de prestar depoimento sobre o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) no Senado, o brigadeiro da reserva Ivan Frota terá outras oportunidades para expor suas críticas ao projeto, orçado em US$ 1,4 bilhão.
Frota tem recebido convites para realizar palestras sobre o Sivam e várias demonstrações de solidariedade -desde cartas até faixas nas ruas.
Hoje, o brigadeiro Ivan Frota será homenageado pelo Clube Militar do Rio.
No dia 25, fará palestra na ABI (Associação Brasileira de Imprensa) a convite do Sindicato dos Advogados do Rio.
Requerimento
O deputado Ivan Valente (PT-SP) entrou com requerimento para que a Comissão Representativa do Congresso -que funciona no período de convocação extraordinária- realize uma sessão para ouvir o brigadeiro.
Entre as manifestações de solidariedade recebidas pelo militar, estão uma carta do presidente da ABI, Barbosa Lima Sobrinho, e uma faixa colocada na Esplanada dos Ministérios.
"Dignidade, honra e patriotismo. Brig. Frota, obrigado", diz o texto da faixa, cujo autor não se identificou.
A sessão do depoimento de Frota na supercomissão do Senado que investiga o Sivam foi suspensa pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), na última terça-feira, cinco minutos após o seu início.
O brigadeiro foi impedido de falar porque recusou-se a retirar a afirmação que havia feito à imprensa de que senadores da supercomissão haviam aceitado aprovar o empréstimo externo para o Sivam em troca de "benesses" oferecidas pelo governo.
ACM conhecia o conteúdo da entrevista e, já na abertura da sessão, Frota foi convidado a se retratar. Como se negou, seu depoimento, que seria necessariamente de críticas ao Sivam, foi suspenso.
Documento
Autorizado por ACM, Frota irá enviar ao Senado, nesta semana, uma análise sobre o projeto. O brigadeiro irá abordar seis questões relacionadas ao Sivam.
Frota irá argumentar que a concepção atual do projeto permite a vulnerabilidade de informações de segurança nacional, que serão manejadas pela empresa norte-americana Raytheon.
O brigadeiro vai questionar a escolha da Raytheon, argumentando que o acordo de parceria fechado com a Esca antes da escolha das empresas participantes do projeto demonstra que "houve um entendimento anterior".
Ele irá criticar as mudanças feitas no projeto original de Vigilância da Amazônia (Vigilam), coordenado por ele.
Dirá ainda que o programa atual foi superdimensionado sob influência de empresas privadas. "Não adianta querer fazer da Amazônia um grande videogame", argumenta o militar.
Outras críticas do brigadeiro se referem ao contrato com a Raytheon, ao fato de o governo não ter garantido contrapartida norte-americana -como, por exemplo, compra de aviões nacionais- e ao suposto superfaturamento do projeto, identificado pelo SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

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