São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Cepal aponta entrada de dólar sem precedente no país
LILIANA LAVORATTI; VIVALDO DE SOUSA
As informações constam em relatório elaborado pela Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), que definiu a entrada de recursos estrangeiros no Brasil como "sem precedentes". Nos dois anos anteriores, 93 e 94, México e Argentina lideraram os investimentos na região. Os dados preliminares do relatório indicam que o Brasil recebeu US$ 28 bilhões em capitais. Teria perdido US$ 17,9 bilhões em pagamento de dívida externa e déficit comercial. Ou seja, segundo a Cepal, o resultado líquido do balanço de pagamentos (o total das contas externas) foi positivo em US$ 10,1 bilhões, no ano passado. Segundo o BC (Banco Central), o investimento produtivo (para criação de novas empresas ou ampliação das instaladas) cresceu 55,3%, com um resultado líquido (entradas menos saídas) de US$ 2,97 bilhões. Um dos motivos para o elevado ingresso de capital estrangeiro foi a alta taxa de juros praticada pelo governo brasileiro ao longo de 1995. Excluídos o México e a Argentina, o total de recursos aplicados nos demais países da região foi de US$ 39,7 bilhões. O Peru registrou o segundo maior ingresso (US$ 4,6 bilhões). Entre os vários fatores que colaboraram para o ingresso de capitais no Brasil, a Cepal cita a venda de títulos, inclusive do governo, no mercado internacional. A ampliação das linhas de crédito destinadas ao financiamento das exportações também contribuiu para o crescimento. O governo estimulou as exportações para compensar a expansão das importações -que cresceram 37% se comparadas com o ano anterior. As exportações caíram 6% no mesmo período. O documento da Cepal destaca que o crescimento das atividades de exportação no México e na Argentina, principalmente, não compensaram a perda do emprego provocada pela redução da demanda interna. Ao contrário de 1994, quando houve um aumento dos salários médios reais na região; no ano passado, os salários reais caíram em vários países. A situação do desemprego piorou no ano passado. A taxa de desemprego aberto, ponderada pela população, subiu de 6,4% para 7,4% em toda a região -a maior taxa dos anos 80 para cá. Os campeões do desemprego foram a Argentina, com crescimento de 18,6% em relação a 94, e a Nicarágua (20,2%). Mesmo com a redução da inflação em alguns países, três pioraram (Brasil, Colômbia e Peru) significativamente o resultado de suas contas públicas. Déficit O Brasil teve um déficit operacional (incluindo as despesas com juros da dívida) de todo o setor público (União, Estados e municípios) de 4% do PIB. No resto da região, as contas públicas se mantiveram sob controle. Os três países mais afetados pela crise financeira -Argentina, México e Uruguai- conseguiram controlar ou até melhorar o resultado de suas contas. Resultados positivos ocorreram no Chile (3,8%), Peru (0,7%), República Dominicana (0,6%) e México (0,1%). Texto Anterior: Radicais da CUT tentam depor Vicentinho Próximo Texto: Capital especulativo aumenta dívida interna Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |