São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capital especulativo aumenta dívida interna

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A entrada de capital externo no Brasil em 95 serviu para que o país se livrasse da ameaça de uma crise como a que vitimou o México, mas teve o efeito colateral de produzir a maior dívida interna da história, hoje de R$ 108,6 bilhões.
Para atrair investidores internacionais, o Banco Central promoveu uma grande alta dos juros a partir de março do ano passado. As taxas de até 60% ao ano, as mais lucrativas do mundo, fizeram aumentar a dívida federal que no início do ano não passava de R$ 63,4 bilhões.
Além disso, para cada dólar que entrava, o BC era obrigado a vender mais títulos no mercado financeiro com objetivo de retirar o volume de dinheiro em excesso -que pressiona a inflação.
Em resumo, o Brasil conseguiu acumular dólares atraindo o capital especulativo, que chega em busca de lucros rápidos e pode deixar o país se os juros baixarem. É uma estratégia que não pode durar por tempo indeterminado.
O México entrou em crise justamente porque os investidores internacionais, no primeiro sinal de instabilidade, retiraram maciçamente seus recursos deixando aquele país ameaçado de não conseguir pagar seus compromissos no exterior.
Países como Brasil, Argentina e México, que controlaram a inflação valorizando suas moedas frente ao dólar, correm o risco de perder capital externo devido ao crescimento das importações e à queda das exportações.
Como compensar essa perda atraindo capital especulativo é perigoso, o desafio é conseguir atrair investimentos externos produtivos e de longo prazo, além de encontrar outros meios de controlar a inflação -o ajuste das contas públicas, por exemplo.

Texto Anterior: Cepal aponta entrada de dólar sem precedente no país
Próximo Texto: Racha na Procuradoria chega às urnas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.