São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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"Concha musical" produz som puro

Empresa faz caixa acústica com formato de caracol

BARRY FOX
DA "NEW SCIENTIST"

A empresa britânica de caixas acústicas B&W provou sem querer que não há mesmo "nada de novo sob o Sol". Gastou três anos projetando uma caixa acústica para reproduzir os sons mais puros, mas descobriu que ela já existia.
A "Nautilus" lembra a concha do náutilo, molusco do grupo dos polvos que tem concha externa. A caixa acústica tem canais desenhados como uma concha marinha, que absorvem sons indesejados.
Mas, embora nada igual ao "Nautilus" tenha sido visto no mercado, o Serviço de Patentes Britânico anunciou que a patente do produto foi requerida há mais de 50 anos pelos EUA.
As caixas acústicas comuns têm um problema inerente: como o diafragma dos alto-falantes se movimenta para a frente e para trás, ondas sonoras são geradas nos dois sentidos.
Quando duas ondas se encontram, ocorre interferência: ondas de algumas frequências se cancelam e de outras se somam. O resultado é um som distorcido.
Para corrigir o problema, os alto-falantes são colocados dentro das caixas, que tentam conter o som que sai por trás. Mesmo assim, algum som sempre reflete no fundo da caixa ou escapa.
Mas agora o pesquisador Laurence Dickie, do laboratório de pesquisas da B&W em Sussex (Reino Unido), bolou o "Nautilus", que usa quatro alto-falantes.
Na parte de trás de cada um deles há um tubo em forma de corneta recheado com uma lã espessa para absorver o som traseiro.
Mas, quanto mais grave o som, maior tem de ser o comprimento dessa corneta. Para o quarto alto-falante da caixa, o comprimento deveria ser de 3 metros.
A solução encontrada foi "enrolar" a corneta como se fosse um caramujo. Desse modo, não há nenhum canto para refletir o som, como nas caixas tradicionais.
O par de caixas está à venda no Reino Unido por cerca de R$ 38 mil. Apesar de a empresa ter solicitado a patente, a companhia norte-americana STC já havia tido a mesma idéia nos anos 30.

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