São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Lojas de fábrica mudam e crescem

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As lojas de fábrica vão se multiplicar ao longo de 1996. Elas se tornaram um canal de distribuição tão rentável que já estão perto de escoar 20% da produção brasileira de roupas no país, assim como acontece nos Estados Unidos, por exemplo.
Essas lojas estão nos planos de praticamente todas as confecções que querem disputar o mercado para valer. "Quem não tem, programa abrir uma. Quem já tem se prepara para abrir mais", diz Roberto Chadad, presidente da Abravest, entidade que reúne as confecções.
As lojas de fábrica começaram a surgir no início desta década para desovar sobras de coleções, peças com defeitos ou devolvidas pelos clientes.
Em geral, estavam geralmente localizadas em galpões próximos às fábricas, em áreas com menor custo de operação.
"Hoje no nosso negócio não existe mercadoria de segunda qualidade. Temos sim estilistas cuidando dos produtos e profissionais melhorando o lay-out das lojas", diz Roberto Luiz Perez, diretor-presidente da Sellinvest Trust, dona da Vila Romana, especializada em roupas masculinas.
A confecção Vila Romana, quando ainda pertencia à família Brett, foi uma das primeiras a ter loja de fábrica no país.
Nove lojas
Hoje nas mãos da Sellinvest, a empresa, que programa faturar US$ 100 milhões neste ano (em 1995 foram US$ 85 milhões), tem nove lojas de fábrica espalhadas pelo Brasil e se prepara para abrir mais três neste ano.
"É um bom negócio porque temos um canal de distribuição direto da fábrica com a vantagem de podermos vender com preços mais em conta porque não temos intermediários (varejistas)", afirma Perez.
Segundo o presidente da empresa, os preços das roupas que vende com as marcas Vila Romana, Pierre Cardin e McGregor são entre 20% e 30% mais baixos do que similares comercializados em lojas de shoppings centers.
Chadad diz que as confecções que vão se dar bem são aquelas que têm lojas de fábrica ou ainda rede de lojas próprias ou com parceiros.
Segundo ele, estas duas formas de venda permitem escapar das duplicatas. Ou seja, a venda de um dia vai para o caixa da empresa no dia seguinte.
"A confecção não precisa esperar o seu cliente vender a mercadoria para depois pagá-la em 45 ou 60 dias." É por isso que muitas confecções estão abrindo lojas em shoppings de descontos. Para ele, a tendência é só de os grandes magazines trabalharem com multimarcas.
Canal direto
Na análise de Chadad, as confecções que produzem até 8.000 peças por mês precisam ter um canal direto para chegar ao consumidor.
Já as que produzem de 8.000 a 20 mil peças mensais podem dividir a produção. Metade é vendida diretamente para o consumidor e a outra metade atende as lojas multimarcas.
"A confecção que não puder ter a sua loja de fábrica deve buscar o parceiro lojista para escoar a sua produção", afirma Chadad.
Perez concorda com Chadad. Acha que a venda direta ao consumidor é um bom negócio, mas lembra que para ter lojas a empresa precisa ter logística de distribuição, programar estoques e conhecer o mercado.
"Isso agrega outros custos. A empresa vai ter que arcar com o ônus de ter que operar as lojas de forma eficiente, treinar equipe de vendas e postos de serviços", diz.

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