São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996 |
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Band maltrata "Um Amor de Família"
BARBARA GANCIA
Sábio Luciano do Valle. "Verão Vivo", com seus desfiles de miss infantil e concursos entre "eles" e "elas" é totalmente descartável. A única função do programa parece ser irritar o telespectador da Bandeirantes que espera pelo início do seriado "Um Amor de Família" (Married With Children). Só para torrar os pacovás do telespectador, "Um Amor de Família" -que voltou a ser exibido recentemente- nunca começa no horário anunciado pela emissora, ou seja, às 18h15. Semana passada, liguei duas vezes para a TV Bandeirantes a fim de saber a que horas o seriado seria transmitido. Na primeira, uma mulher muito da grossa me disse: "Se é que você não sabe, hoje teve pronunciamento do presidente em cadeia nacional e a programação de todas as TVs atrasou em uma hora". Sei, sei. Na segunda, fui informada de que assim que terminasse o jogo de futebol, que rolava até às 18h28, o seriado começaria "em seguida". Depois de quarenta minutos plantada na frente da barrigona de um Luciano do Valle de -socorro- camiseta e bermuda, a emissora me vem com a cara-de-pau de anunciar: "Hoje, excepcionalmente, não apresentaremos o seriado 'Um Amor de Família"'. É brincadeira? "Um Amor de Família" não merece o tratamento que a Bandeirantes anda lhe dando. Sem exagero, trata-se do melhor seriado humorístico produzido pela TV americana desde os tempos de "A Feiticeira" e "Jeannie é um Gênio". A trama gira em torno da inglória família Bundy, uma gente que, pasme, faria enrubescer as tias de Bart Simpson. Os Bundy são grossos, crassos, malcriados, arrogantes e pobres de espírito. E ainda têm uns vizinhos tão amáveis quanto eles. Para se ter uma idéia, comparado aos Bundy, Dino da Silva Sauro é um ser evoluído. Muito ao estilo do antigo seriado "All in the Family", em que os podres do cotidiano da família norte-americana eram abordados com a maior irreverência, "Um Amor de Família" também explora a sujeira que a classe média esconde debaixo do tapete. Para quem tem ataque de urticária só de ouvir falar em politicamente correto é um prato cheio. Texto Anterior: Telejornal abre inquérito por cenas de nudez Próximo Texto: Addams brincam com a normalidade Índice |
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