São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996 |
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Addams brincam com a normalidade
MARCELO REZENDE
Os Addams poderiam ser tomados por uma típica família americana, formada por pais zelosos, filhos travessos e uma avó simpática. Mas o que os diferencia de seus vizinhos é a atração que sentem pelo que há de mais mórbido. Assim, vivendo em uma casa que é o mais típico cenário de filmes de horror, toda a família passa seus dias a brincar de morte, cultuar assassinatos e fomentar a pulsão suicida da filha do casal. A entrada dos Addams no mundo do cinema acontece com uma busca: depois de anos desaparecido, o tio da família -irmão do chefe da clã- retorna para o lar. Mas o que parece felicidade logo se converte em angústia. Todos os Addams passam a desconfiar que na verdade foram vítimas de um logro, e aquele que ocupa o lugar do tio é um impostor que tenta dar um golpe em toda a família. O grande achado de Addams, construir a mais feliz das famílias em um quadro que suscinta o seu contrário, está plenamente preservado na visão de Sonnenfeld. Sua intenção não é recriar os personagens, tentando modernizá-los para o nosso tempo. O que seu filme consegue é preservar a graça original de todos, montando uma história em que cada ação dos membros dessa família, não importando o quanto bizarro seja, é mostrando como o mais natural dos atos. Um pouco como se brincasse a cada cena e piada com a idéia de normalidade. Algo que desenvolveria de forma mais acabada no segundo filme da série. Texto Anterior: Band maltrata "Um Amor de Família" Próximo Texto: Demme brinca com a América Índice |
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