São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Addams brincam com a normalidade

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há nada mais estranho que uma família. Esse parece ser o tom de "A Família Addams" (Globo, 21h40), adaptação do diretor Barry Sonnenfeld para os famosos personagens criados pelo cartunista Charles Addams, que se tornaram sucesso da TV nos anos 60.
Os Addams poderiam ser tomados por uma típica família americana, formada por pais zelosos, filhos travessos e uma avó simpática. Mas o que os diferencia de seus vizinhos é a atração que sentem pelo que há de mais mórbido.
Assim, vivendo em uma casa que é o mais típico cenário de filmes de horror, toda a família passa seus dias a brincar de morte, cultuar assassinatos e fomentar a pulsão suicida da filha do casal.
A entrada dos Addams no mundo do cinema acontece com uma busca: depois de anos desaparecido, o tio da família -irmão do chefe da clã- retorna para o lar. Mas o que parece felicidade logo se converte em angústia.
Todos os Addams passam a desconfiar que na verdade foram vítimas de um logro, e aquele que ocupa o lugar do tio é um impostor que tenta dar um golpe em toda a família. O grande achado de Addams, construir a mais feliz das famílias em um quadro que suscinta o seu contrário, está plenamente preservado na visão de Sonnenfeld. Sua intenção não é recriar os personagens, tentando modernizá-los para o nosso tempo.
O que seu filme consegue é preservar a graça original de todos, montando uma história em que cada ação dos membros dessa família, não importando o quanto bizarro seja, é mostrando como o mais natural dos atos.
Um pouco como se brincasse a cada cena e piada com a idéia de normalidade. Algo que desenvolveria de forma mais acabada no segundo filme da série.

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