São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Pentecostais vivem 'boom'

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os livros religiosos representavam em 1994, em número de exemplares comercializados, pouco mais que a metade dos livros designadas como obras gerais (literatura, infantis e turismo, por exemplo).
O salto dos religiosos no ano passado foi tão grande que eles quase empatam com as obras gerais (52 milhões a 58 milhões de exemplares, respectivamente).
A Editora Paulus, especializada em livros católicos, constata que desde 1982, na Feira Internacional do Livro de Frankfurt (Alemanha), já se fazia amplamente a previsão de um "boom" do gênero, em razão de todo o misticismo próprio ao final do milênio.
Some-se a isso a presença de uma espiritualidade popular latente, que se manifesta pela procura de soluções rápidas para os problemas sociais. Daí o sucesso dos modelos esotéricos.
Mas Eude Martins da Silva, da Editora Vida -uma das maiores do ramo, com 600 mil livros e 250 mil bíblias vendidas no ano passado- diz que, a seu ver, não houve propriamente um aumento súbito da religiosidade e uma curiosidade abrupta por questões teológicas.
"O que houve foi o aumento real do poder aquisitivo das pessoas mais pobres, que formam o grosso da população evangélica."
Evangélicos pentecostais, acrescenta, já que essas igrejas hoje correspondem a 70% dos fiéis de toda a genealogia protestante.
O livro religioso, diz ele, é em média 27% mais barato que o livro secular. A rigor, quem não comprava passou agora a comprar e quem comprava menos passou a comprar mais.
E não se trata de uma comercialização feita apenas pelas livrarias. As igrejas são máquinas eficientes no escoamento de material impresso, algumas vezes sem lucro ou com um lucro apenas simbólico sobre o preço pago às editoras.
(JBN)

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