São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Gerry Mulligan morre aos 68

DA REDAÇÃO; COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Saxofonista criou o jazz "cool"
O saxofonista norte-americano Gerry Mulligan, 68, morreu anteontem em sua casa, em Darien, Connecticut, nos EUA.
Era um dos últimos nomes "clássicos" do jazz ainda vivos. Tocou com Miles Davis, Chet Baker, Stan Getz, Duke Ellington, Billie Hollyday e Astor Piazzolla, todos mortos.
Há duas versões para sua morte: pela primeira, divulgada por sua mulher, ele tinha uma infecção em um joelho, que se alastrou para o resto do corpo; pela segunda, noticiada por seu filho único, Reed, ele tinha hepatite.
Seu último show foi em novembro, em um cruzeiro no navio Queen Elizabeth 2ª, no Caribe, quase 50 anos depois de contribuir com a criação do estilo "cool" jazz.
Ao contrário do "be-bop", que era o estilo dominante na época, o "cool" se caracteriza por uma sonoridade mais suave e andamento mais lento. Características que vieram a calhar para o instrumento que Mulligan adotou, o saxofone barítono.
"Não é um instrumento tão popular quanto o sax alto ou tenor, mas gosto do registro", disse o músico certa vez.
Apesar disso, Mulligan também usava outros instrumentos -saxofones mais agudos, piano, clarinete- e era arranjador e compositor.
Uma de suas experiências mais ousadas foi o disco "Summit", com o bandoneonista argentino Astor Piazzolla, em que o "cool" jazz se fundia com o tango. Uma de suas composições mais conhecidas é "Walking Shoes", que se tornou um "standard" do jazz.
Entre os anos 60 e 70, arriscou uma carreira de ator. Fez 13 filmes, que nada acrescentaram à sua biografia.
Mulligan também flertou com a música brasileira. No final de 1993, lançou o disco "Paraíso", com algumas parcerias com a cantora brasileira Jane Duboc. Entre as canções, a balada "Bordado" e uma bossa nova, "Sob a Estrela".
Era amigo de Tom Jobim, cuja obra considerava "perfeita". Convidado para participar de um tributo a Tom, no Free Jazz de 1993, teve de cancelar sua participação na última hora.
Esta relação entre o criador do "cool" e o mestre da bossa nova não era gratuita. O "cool" jazz, apenas alguns anos mais velho, foi o estilo que mais influenciou o jeito de compor de Tom Jobim e o jeito de cantar de João Gilberto.

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