São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Governo se diz surpreendido e critica decisão

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário-adjunto da Justiça do Estado de São Paulo, Edson Vismona, declarou ontem que foi "surpreendido" pela decisão do juiz Fernando Marcondes.
"Foi uma decisão politicamente negativa", afirmou. "O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) vai utilizar esse fato com toda a carga emocional que ele tem. A discussão fugirá do campo racional, em torno das medidas que estão sendo tomadas para a reforma agrária, e passará a ser emocional, sobre a prisão".
Vismona disse que o governo sabia que o delegado Marco Antonio Fogolin preparava um pedido de prisão preventiva contra os líderes dos sem-terra. "Não imaginávamos que o juiz decidiria isso neste momento", declarou.
O secretário-adjunto da Justiça disse que telefonou no início da semana para o juiz Fernando Marcondes para saber se havia ou não sido deferida a liminar de reintegração de posse das fazendas invadidas no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
Na conversa, segundo Vismona, não foi mencionado o pedido de prisão preventiva. "Concluí que estava tudo bem."
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), disse ontem que o reinício das invasões no Pontal do Paranapanema significa o descumprimento do acordo firmado no ano passado entre o secretário da Justiça, Belisário dos Santos Júnior, e o MST.
Pelo acordo, o governo assentaria 2.300 famílias até julho deste ano. Em troca, o MST suspenderia as ocupações de terra no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
Segundo Covas, o governo vem cumprindo sua parte no acordo: até 31 de dezembro assentou 1.100 famílias, e outras 500 deverão ser assentadas até o final de março, e as restantes, antes do final deste semestre.

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