São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 1996
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Vazamento de soda cáustica intoxica 114

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Um vazamento de soda cáustica ocorrido na tarde e noite de anteontem na RPBC (Refinaria Presidente Bernardes Cubatão) provocou problemas respiratórios em 114 moradores do município, localizado a 62 km de São Paulo.
O diretor da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) de Cubatão, Elio Lopes dos Santos, 46, acusou a direção da RPBC de "negligência". Ele classificou o acidente como "gravíssimo".
A Cetesb multou a unidade da Petrobrás em Cubatão em R$ 72 mil, a maior multa aplicada pelo órgão em casos de acidentes contra o meio ambiente.
Santos disse ter constatado, por meio do livro de registro de turno da refinaria, que a RPBC tinha conhecimento do acidente desde a tarde de anteontem.
"A refinaria deveria ter comunicado imediatamente o acidente à Cetesb, que só ficou sabendo do vazamento na noite de ontem (anteontem) a partir de reclamações da população", afirmou Santos.
O vazamento ocorreu, segundo a Cetesb, por falha no processo de purificação dos derivados de petróleo. Esse processo é usado para retirar produtos químicos tóxicos, como a soda cáustica, usada no refino dos derivados.
Uma vez separada no primeiro estágio do processo de purificação, a soda é levada para um segundo estágio purificador. Em seguida, é depositada numa lagoa de tratamento biológico localizada dentro da refinaria.
O diretor da Cetesb de Cubatão disse ter constatado que, na tarde de anteontem, a soda cáustica foi parar "diretamente" na lagoa de tratamento, sem passar pelas unidades de purificação.
Com isso, o gás oriundo da soda foi levado pelo ar, contaminando uma área superior a um raio de 15 km do local do acidente.
"Esse produto, dependendo da quantidade inalada, pode causar a morte", disse Santos.
A secretária da Saúde de Cubatão, Maria Fukubara, disse que os contaminados apresentaram sintomas como dor de cabeça, náusea, vômito e dificuldades respiratórias. Dos 114 atendidos no hospital de Cubatão e em dois prontos-socorros da cidade, 40 eram crianças. "Vamos acompanhar os pacientes para verificar possíveis complicações médicas futuras", disse Fukubara.

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