São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Milhazes ilude com suas cores

Galeria abre ainda uma coletiva Beatriz

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A galeria Camargo Vilaça explora suas mulheres. Sai Adriana Varejão. Entra Beatriz Milhazes.
O entra e sai poderia até ser evitado, já que as duas dividem várias coisas, além do galerista.
São dois grandes expoentes da pintura dos anos 80 que prosseguem em uma pesquisa ligada ao excesso.
Ambas trabalham com uma reinterpretação da cultura brasileira diretamente ligada ao barroco. Também se utilizam de uma superposição de técnicas para reiterar na composição plástica questões ligadas à memória pessoal e a um imaginário coletivo.
No caso de Milhazes, que é o que mais interessa neste momento, são floreios, arabescos e rococós a lembrar o barroco mineiro. São flores e frutas tropicais a remeter ao Brasil holandês de Eckout. São ainda dégradés, estampas Pucci e símbolos de paz e amor a sugerir um neopsicodelismo.
A sobreposição de elementos, o excesso de informação e a falta de uma padronagem iludem o espectador, incitam-no a seguir pistas em um labirinto de cores. A pintura de Milhazes cria uma nova desordem e se distancia assim da "pattern painting" dos anos 80 (escola que discute a questão decorativa da arte sem a necessidade de um conteúdo teórico).
Bis
Aproveitando ainda o movimento de curadores e artistas da Bienal, a galeria Camargo Vilaça amplia seus domínios e invade, não longe dali, no mesmo horário, o Galpão do Designer (r. Aspicuelta, 145, Vila Madalena) com uma coletiva de seus artistas.
Apresentará obras de Adriana Varejão, Angelo Venosa, Doris Salcedo, Fabian Marcaccio, Lygia Pape, Valeska Soares, Rosângela Rennó, Monica Rubinho e outros.

Mostra: Beatriz Milhazes
Onde: galeria Camargo Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 011/210-7390) Vernissage: hoje, às 19h
Quando: até 1º de novembro

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