São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996 |
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Min Tanaka visita o México de Artaud
ERIKA SALLUM
A montagem integra o evento "Cem Anos de Artaud", que comemora o centenário de nascimento do escritor francês. É a primeira vez que Tanaka trabalha com artistas brasileiros, escolhidos a partir de seleção feita pelo coreógrafo em abril deste ano. Em 95, ele participou, em São Paulo, da "Mostra 95 - Butô e Teatro Pesquisa", realizando o solo "Seasons". Em curta temporada na cidade, este ex-jogador de basquete, que interpreta Montezuma na peça, falou à Folha sobre "A Conquista", teatro butô e sua vida no Japão, onde vive, com um grupo de atores, em uma fazenda próximo a Tóquio. * Folha - Você escolheu 14 entre uma centena de artistas brasileiros. Quais foram seus critérios de seleção? Min Tanaka - Eu selecionei as pessoas de acordo com meu interesse individual. Rejeitei escolher aquelas que tinham uma imagem fixa do que significa teatro butô. Folha - Você trabalha com artistas do mundo todo. Como foi a experiência de dirigir bailarinos e atores brasileiros? Tanaka - Em minha fazenda, o trabalho parte de uma convivência, e todo o processo de criação é conduzido por essa vida em comum. Aqui, a situação é totalmente diferente, porque cada pessoa tem um tipo de experiência -inclusive trazida da cidade. Como fui convidado a participar do evento, não escolhi o texto de Artaud que seria encenado. Parti de um tema já dado, o que torna esse trabalho uma espécie de improviso. Juntei essas coisas, mas não as fixei. Por que você escolheu viver na zona rural, apesar de suas apresentações se realizarem em grandes centros urbanos? Tanaka - Na época em que fui para a fazenda, há 11 anos, estava difícil viver na cidade. Além disso, ser fazendeiro era um antigo sonho meu. No Japão, as manifestações artísticas surgiram primeiro no campo e, depois, foram levadas às cidades, que foram alimentadas culturalmente. Estou fazendo esse caminho de volta. Se eu tivesse ficado em Tóquio, eu não teria tido tanta motivação para dançar e, talvez, me tornaria um escritor. Folha - Em que medida Artaud se aproxima de seu trabalho e do teatro butô? Tanaka - Tenho muitas afinidades com Artaud. O trabalho de Tasuji Hijikata, um dos fundadores do butô, está muito próximo a ele. Hijikata buscava seu corpo enquanto bailarino, rompendo com as danças tradicionais do Japão, inovando essa forma de arte. Isso reflete, quase explicitamente, o pensamento artaudiano. Espetáculo: A Conquista Direção: Min Tanaka Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 288-0136) Quando: quinta a sábado, às 21h, domingo, às 20h (até 13 de outubro) Quanto: R$ 20 e R$ 10 (estudantes) Texto Anterior: Editores brasileiros disputam títulos Próximo Texto: "Nocaute" golpeia violência urbana Índice |
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