São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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"Ajax não vai ficar impune"

PAULO VIEIRA
DA REDAÇÃO

A seguir, leia o que os integrantes do Skank falam sobre o caso "Ajax".
(PV)
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Samuel Rosa - Isso aí serviu para dar a dimensão pra gente. "Olha, vocês estão com umas músicas aí, vocês estão com certa notoriedade." Tem até um candidato do interior que usou uma música nossa. Na Bahia tem uma banda chamada Skankarô, assim mesmo, com "k".
Chico Amaral - O que estava sendo proposto era um debate totalmente surrealista. Eu vou debater com o Ajax? Nosso silêncio foi oportuno. Por outro lado, nosso público merecia uma satisfação. A imprensa, principalmente a Folha, chamou a gente para o ringue. "Entra aqui, vamos brigar com o Ajax." Não, não queremos, não temos nada a ver com essa história. Eu vou debater com o Ajax sendo que fui eu que fiz? É ridículo.
Rosa - Se as pessoas têm dúvidas de que fomos nós mesmos que compusemos "Pacato Cidadão" e "Te Ver", nós, por outro lado, temos certeza absoluta. Então a gente sabe que ele é um falsário. Se tem documento, que prove. Tem sempre um oportunista de plantão, o Pelé já sofreu algo parecido, sempre pinta um Renato Russo, um Roberto Carlos e tal. Pra gente, ter sido colocado sob suspeita de um acusador patético foi ofensivo, soou absurdo. O cara está dizendo que a música é dele, o que posso reiterar aqui é que musica é nossa.
Fernando Furtado - As pessoas chegam na rua e dizem "que loucura aquilo", e não aquela coisa de "vem cá, estamos sozinhos aqui, conta só para mim".
Rosa - Eu dizia que era natural, mas não é, é coisa doentia, patológica, não pode, isso não pode. Por causa dessas e outras é que resolvemos processar o cara, achamos que ele não pode ficar de maneira nenhuma impune, e não vai ficar. Se ele não sabe o que é dor cartesiana (verso da música "Eu Disse a Ela", do álbum "O Samba Poconé", que Ajax credita como de sua autoria), a gente vai mostrar o que é dor de cabeça.
Amaral - Com relação à imprensa, sentimos que havia uma vontade, uma grande delícia de colocar o Skank sob suspeita. Esse tom baixo foi um prato ideal para eles.
Rosa - O próprio jornalista (Armando Antenore, da Folha) depois reconhece que o Ajax é produto da coisa do Skank, achei interessante ele ter falado isso, só achei que ele poderia ter reconhecido uma semana antes. É foda, é troço que incomoda, mas menos até hoje do que pensava na hora.
Amaral - A gente, quando viu a notícia em um jornal de Salvador, foi motivo de muitas gozações. A notícia ali, compatível com a mediocridade do assunto. Agora, a Folha não. Ela serviu de megafone para a porcaria toda. Quando saiu a notícia em Salvador, até deixei o jornal lá.
Rosa - Não percebemos, nessa notícia, o potencial bélico do Ajax. Ele não tinha, mas às vezes o Skank tem. Ele não estava envolvendo uma banda que vende 20 mil, 15 mil cópias, mas uma que vende 1 milhão.

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