São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Feijão dispara no mercado de São Paulo

FELIPE MIURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O consumidor de São Paulo está pagando quase 60% a mais pelo quilo de feijão carioca.
O produto, que custava em média cerca de R$ 0,70/kg em setembro do ano passado, hoje é encontrado nos supermercados por R$ 1,24/kg.
A redução no plantio da terceira safra, colhida entre agosto e outubro, elevou os preços do feijão carioca ao produtor em 130%.
Atualmente, o produtor negocia a saca de feijão carioca de melhor qualidade a cotações entre R$ 50/saca e R$ 55/saca (60 kg).
No ano passado, nessa mesma época, o agricultor vendeu a saca por valores entre R$ 20 e R$ 25.
As cotações não devem recuar até a entrada da nova safra da região Sul, tendência apontada por produtores e cerealistas.
A colheita da próxima safra de verão deve começar em meados de novembro nos Estados do Paraná e de Santa Catarina.
Até lá, o abastecimento dependerá principalmente das lavouras irrigadas de Minas Gerais e Goiás, Estados onde a safra será menor, e da região de Barreiras, no oeste da Bahia.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), de Minas Gerais, informa que houve redução de 6% da área de plantio.
Em Goiás, segundo a Emater, a queda de área chegou a 12%.
A produção goiana, que alcançou 69 mil toneladas, já está praticamente colhida, segundo a Emater-GO.
A comercialização da terceira safra do ano passado a cotações abaixo do preço mínimo de garantia (R$ 24/saca) desestimulou o cultivo este ano, segundo Kossei Bahno, técnico da Conab.
Para Bahno, outro motivo foi que, sem acesso ao crédito rural, os produtores tiveram que financiar suas lavouras com recursos próprios.
Com a diminuição da safra de feijão irrigado, a demanda da região Centro-Sul teve que ser complementada com a safra baiana.
O produto proveniente dos municípios próximos a Ribeira do Pombal, no nordeste da Bahia, correspondeu a cerca de 30% da oferta de feijão carioca no mercado paulista em setembro.
Até o final da primeira quinzena deste mês deverá estar encerrada a comercialização da safra do nordeste baiano, afirma Cícero Mallucelli, corretor de Curitiba.
A partir da segunda quinzena, o Nordeste terá que concorrer com os Estados do Centro-Sul pelo restante da safra irrigada, prevê Alberto Salvador, cerealista da BA.
A oferta está restrita e, se houver problemas climáticos no Sul, os preços podem subir mais, diz Ulisses Shinoar, da Camil Alimentos.

Texto Anterior: Chuvas em SP favorecem lavouras sob sequeiro
Próximo Texto: Safra de verão deverá crescer 23% no Sul
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.