São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996 |
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PT não acredita mais em apoio do PSDB a Erundina no segundo turno
EMANUEL NERI
Essa avaliação foi feita ontem pelo deputado Pedro Dallari, do comando da campanha petista. Segundo ele, a análise era "pessoal". Ocorre que Dallari é hoje o assessor mais próximo de Erundina. Na avaliação de Dallari, o PSDB deve optar pela neutralidade entre Erundina e Celso Pitta (PPB). Em um quadro mais otimista, na análise do deputado, lideranças tucanas seriam liberadas para apoiar a petista. Mesmo assim, não há previsão de apoios significativos. Lideranças do porte do governador Mário Covas e de José Serra, candidato derrotado no primeiro turno, devem manter-se indefinidos por muito tempo. "Não podemos subordinar a negociação ao reinício da campanha. Vamos iniciá-la imediatamente." Por causa da operação montada por FHC para beneficiar Pitta, o PT espera adesões tucanas bem mais tímidas do que em 1992, quando Eduardo Suplicy foi para o segundo turno com Paulo Maluf. Na época, o PSDB manifestou apoio formal a Suplicy. Lideranças como José Serra, Franco Montoro e Fernando Henrique apareceram na TV defendendo o voto no petista. "Agora, o cabresto do Planalto gera dificuldades." PSDB "tutelado" Dallari acredita que a operação pró-Pitta montada por FHC surtiu o efeito desejado. "O Palácio do Planalto fez uma forte ponte para imobilizar o PSDB de São Paulo e impedir qualquer apoio a Erundina", diz. Para ele, o PSDB paulista passou a ser "tutelado" por FHC. "A operação comprometeu o PSDB de São Paulo com o projeto de reeleição do presidente", afirma Dallari. "Foi uma opção pelo inimigo próximo, que é Paulo Maluf, em prejuízo do inimigo mais distante, que é o PT", afirma. Mas Dallari acredita que a operação pró-Pitta pode ter efeito contrário. Para ele, lideranças e eleitores tucanos podem se sentir "tutelados" pela manobra, rebelando-se contra a orientação de FHC. "Em um primeiro momento, isso pode ser prejudicial para Erundina. Depois, o quadro pode-se reverter, mudando a nosso favor", diz. "O apoio compulsório a Maluf pode ter efeito contrário." Para Dallari, a linha adotada por Serra no primeiro turno pode dificultar a operação pró-Pitta. "Serra protagonizou uma campanha ferozmente antimalufista." Antimalufismo na TV O PT já definiu estratégia para reverter o apoio de FHC e do PSDB a Pitta. O partido não vai criticar diretamente a orientação do presidente. Mas, de forma sutil, mostrará na TV os ataques antimalufistas feitos por Serra. Um dos alvos preferidos do PT vai ser o esforço feito pelo PSDB no primeiro turno para desmontar o projeto do "Fura-Fila". A campanha de Serra despachou para a Alemanha uma equipe de TV para mostrar que o "Fura-Fila" local funcionava de forma precária. Ataques do ministro Sérgio Motta a Maluf e a Pitta também são selecionados para serem apresentados no programa de TV do PT. Texto Anterior: Tucanos do Rio tentam se aproximar do PT; Em BH, Amílcar diz que Célio é 'neofisiologista'; Sarney vê PMDB em 'crise de identidade' Próximo Texto: PT cresce com imagem de 'bom gerente' Índice |
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