São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Manobra pode incluir PPB na comissão da reeleição

Presidente da Câmara pode indicar à revelia nome do partido

DA REDAÇÃO; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-PE), está disposto a lançar mão de todas as manobras possíveis para acelerar o debate sobre a emenda que pode permitir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Segundo a Folha apurou, Luís Eduardo pode, inclusive, indicar à revelia do PPB um membro do partido para a comissão especial que vai analisar a emenda, primeira etapa da tramitação do projeto. Ele insiste em dar início aos trabalhos na próxima semana.
Para cumprir tal manobra, o pefelista pode considerar como representantes do PPB na comissão os deputados indicados no ano passado pelo antigo PPR. Esse partido se fundiu com o PP, dando origem ao PPB.
Ontem, menos de 24 horas após o Palácio do Planalto dar apoio implícito ao candidato Celso Pitta à Prefeitura de São Paulo, o PPB (partido de Paulo Maluf) sinalizou que pode aderir à discussão do projeto de reeleição.
Para isso, o partido vai convocar uma Convenção Nacional para mudar a decisão tomada há sete meses, contrária ao debate sobre o tema neste ano.
"Tenho sérias dúvidas de que a reeleição seja bálsamo que cure desde unha encravada até câncer no cérebro, mas já que querem discutir, ok", afirmou o presidente interino do PPB, deputado Delfim Netto (SP).
Caso Luís Eduardo venha indicar um membro do partido, antes da nova Convenção Nacional do PPB, a legenda de Maluf e Delfim pode ir à Justiça contra a indicação e barrar o processo de discussão da emenda, segundo apurou a Folha.
O ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), no entanto, considera que não haverá mais resistência dos pepebistas. "Está tudo no melhor dos mundos", disse.
Reunião de líderes
Hoje, o presidente da Câmara reúne os líderes dos partidos governistas para acertar o cronograma da reeleição e tentar conter focos de insatisfação que surgiram ontem. Alguns insatisfeitos da base governista querem adiar a discussão para depois do segundo turno da eleição municipal.
Ontem, FHC e seus aliados promoveram uma série de reuniões para garantir o apoio dos partidos à reeleição. Foi também uma ofensiva para descartar a idéia de um plebiscito popular sobre a reeleição. "Isso não faz o menor sentido: o verdadeiro plebiscito será quando o presidente for legitimado pelas urnas", insistiu Santos.
Coube a ele o principal gesto para aproximar o PPB do projeto de reeleição. O ministro disse ontem que o abraço que deu no prefeito Maluf (símbolo do apoio a Pitta) não significa ainda uma aliança de longo prazo com o PPB.
"A gente está pensando em termos de um mês, e já é muito", afirmou Santos. Em outras palavras, o PPB está participando das negociações sem a perspectiva de tomar parte do núcleo político de um eventual futuro governo FHC.
Falta entusiasmo
Isso explica a falta de entusiasmo público do PPB com a reeleição do presidente. Delfim Netto deixou isso claro ao criticar as previsões otimistas do ministro Antonio Kandir (Planejamento), de que a economia cresceria até 9% em 1997 com a reeleição.
"Quem acredita em mágica, tudo bem: a Branca de Neve vai descer aqui no Natal, e os sete anõezinhos estão a caminho", ironizou Delfim. Ele anunciou, no entanto, que o aval do partido para o início formal dos debates da reeleição era "uma questão de horas".

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