São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Prefeitura diz ter gasto 70% do dinheiro

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo informou que já gastou 70% -e não apenas 13%- do dinheiro repassado pelo Ministério da Saúde para projetos em Aids. "Há um tempo entre a execução dos projetos e a documentação dos gastos", disse José Claudio Domingos, diretor do programa municipal de Aids.
"Nas próximas semanas, o ministério receberá a documentação que comprova esses gastos."
Segundo ele, o restante do dinheiro -cerca de R$ 600 mil- será aplicado até o final do ano.
Domingos disse estranhar a informação de que a Prefeitura de São Paulo participará apenas como observadora do encontro que começa hoje no Guarujá.
Segundo ele, uma primeira carta foi enviada pelo ministério 20 dias atrás informando que São Paulo estaria fora do encontro por não ter realizado os projetos. A partir daí, um contato teria sido feito pelo secretário Roberto Paulo Richter com o ministro Adib Jatene.
"Depois disso, cerca de dez dias atrás, recebemos outra carta do ministério convidando São Paulo a participar das deliberações do Guarujá", disse Domingos.
Quanto ao atraso na aplicação dos recursos, o secretário Richter informou que responde apenas pela sua gestão, iniciada em novembro de 1995. Os R$ 2 milhões do ministério estão em São Paulo desde novembro de 1994.
Segundo Domingos, o dinheiro está em conta "carimbada", que não permite sua aplicação em outro programa que não o de Aids. Para ilustrar o desempenho da prefeitura, o médico citou a criação de 21 unidades dedicadas à Aids -"12 ambulatórios prontos, três em conclusão, além de um centro de orientação (COA) pronto e quatro em fase final".
José Araújo, diretor do GIV -ONG de auto-ajuda em Aids-, disse que o ministério deveria exigir o dinheiro da prefeitura de volta e aplicá-lo em outros projetos. Segundo Araújo, foi o GIV que, em junho passado, denunciou o fato de São Paulo não estar aplicando o dinheiro destinado à Aids.
"O fornecimento de preservativos nos postos municipais é irregular e a prefeitura nunca contribuiu quando faltou medicamento para os doentes. A morte e a cegueira de muitos pacientes poderiam ter sido evitadas."

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