São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Empresas de agribusiness têm prejuízo

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Os segmentos de fumo e bebidas se destacaram em um ano ruim para as empresas de agribusiness, segundo a pesquisa "As 100 Maiores Empresas do Agribusiness Brasileiro."
A pesquisa, realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), tem como base os balanços das empresas de 1995.
A Companhia Cervejaria Brahma, do ramo de bebidas, terceira colocada na pesquisa de 94, superou em 95 a Souza Cruz S/A, líder do ranking nas duas versões anteriores em que ele foi realizado (com base nos resultados de 1994 e 1993).
O número de empresas com prejuízo no setor mais que triplicou em relação ao ano anterior.
Eram oito empresas e passaram para 26.
Também a rentabilidade média das cem maiores empresas caiu de 13,3% para 6,65%.
"Certamente, pesou a âncora verde. No ano passado, a agricultura teve queda de preços grande, o que dificultou o desempenho de compras e se alastrou por todo o agribusiness", segundo informações da chefe do Centro de Estudos Agrícolas da FGV, Ignez Lopes.
Ela acredita que também teve influência a "defasagem cambial", porque os produtos agrícolas são muito utilizados na exportação e importação.
Segundo os critérios da FGV, as empresas de agribusiness são aquelas que, de alguma maneira, trabalham com produtos ligados à agricultura.
Essas empresas são divididas em três setores. O primeiro deles é o setor de insumos (máquinas e equipamentos, sementes, fertilizantes etc).
O segundo é o de produção (empresas que processam fumo, bebidas etc.).
O terceiro setor inclui as empresas de distribuição (atacadistas e varejistas).
Problemas
Mesmo tendo, na média, um resultado melhor do que as 500 maiores empresas do país -também pesquisadas pela FGV e que servem de base de dados para o ranking de agribusiness-, o setor sofreu muito em relação ao ano de 1994.
A rentabilidade do setor caiu 70,5% em relação ao ano anterior, enquanto a rentabilidade das 500 maiores empresas teve uma redução de 55,7%.
As empresas de agribusiness tiveram rentabilidade de 4,41% (ante 14,9% no ano anterior).
Já a média das empresas teve rentabilidade de 3,51% (ante 7,95% em 1994).
"Os primeiros lugares são do vício: bebidas e fumo", disse Ignez Lopes, acrescentando que depois vêm os alimentos.
Para ela, esse fato se deve ao aumento do poder aquisitivo das classes mais baixas, em decorrência do Plano Real.
Prejuízo
As empresas com prejuízo no ano de 1995, entre as 5.542 pesquisadas, não se concentraram em algum segmento específico, espalhando-se entre 11 dos 13 setores pesquisados.
Para Carlos Henrique Miranda, técnico da Fundação que participou do estudo, esse dado mostra que os prejuízos aconteceram muito mais por falta de adaptação de empresas à economia globalizada do que por algum problema específico registrado em determinado setor.
Apenas uma nova empresa, a Santista Alimentos, do grupo argentino Bunge y Born, entrou no ranking das dez mais, ocupando a sexta colocação.
Deixou o ranking das dez mais a Iochpe Maxion, empresa que atua no segmento de máquinas e equipamentos.

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