São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Mesbla gira US$ 1 bi, mas vale US$ 9,4 mi

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Se pudesse ser comprada nas Bolsas de Valores, a Mesbla, empresa concordatária que fatura mais de US$ 1 bilhão por ano, sairia por modestos US$ 9,4 milhões.
Esse é o valor de mercado hipotético da Mesbla, que está afundada em dívidas de R$ 700 milhões e deve anunciar acordo com os credores em breve. A rede varejista, da família de Botton, já chegou a valer US$ 630 milhões nas Bolsas, em 1989, segundo a Economática.
Hoje, um investidor que tivesse um lote de mil ações da companhia poderia trocá-las por dois caldos-de-cana e dois cachorros-quentes, em São Paulo -se o vendedor aceitasse, claro.
Depreciada desde que a companhia foi à lona, em agosto do ano passado, a ação da Mesbla desvalorizou-se 58,33% neste ano até o dia 16 de julho. Neste dia, cotada a R$ 0,005, a Mesbla PN teve sua negociação suspensa devido a um pedido de falência.
Quando uma ação chega a esse nível de preço e a empresa tem chances de se acertar com os credores e seguir em frente, os operadores começam a indagar se é hora de investir no papel novamente.
Um analista de um grande banco de investimentos dos Estados Unidos disse à Folha que as ações da Mesbla podem ser a pechincha do século. Isto é, se e quando a companhia sair da concordata e voltar a dar lucro. Nesse cenário, o papel pode voltar às Bolsas e dar muito dinheiro a longo prazo.
Mas o inverso também pode acontecer. O mesmo analista acha que qualquer fracasso nas negociações com os credores ou na estratégia futura da rede pode transformar a ação, de novo, em pó.
Ontem, a Mesbla continuava fechando os detalhes do acerto com os bancos, credores de R$ 200 milhões. A empresa espera finalizar o acordo hoje.

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