São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Marcelinho sucumbe sob peso da insensatez

ALBERTO HELENA JR.

da Equipe de Articulistas E Marcelinho sucumbiu sob o peso de tanta insensatez, prima-irmã da incompetência. Seus músculos, que já davam sinais de fadiga há muito tempo, não resistiram, e agora o Corinthians terá de se haver sem sua mais cintilante estrela, para não dizer solitária.
Bem que Marcelinho vinha pedindo trégua, um tempo para recompor-se. Aliás, já havia até desistido, como quem espera resignado o inevitável, desde que seus pedidos caíam no buraco negro em que se transformou a administração do clube nesta temporada. Se já não tinha forças para reclamar, que dirá para jogar?
E tasca Marcelinho neles. Afinal, nesse pobre e reduzido elenco, os gols que Marcelinho não faz serve-os de bandeja aos companheiros.
E agora, sem Tiba e Marcelinho, como armar o ataque mosqueteiro?
Mais do que nunca, a velha máxima do futebol, segundo a qual pênalti é tão importante que devia ser batido pelo presidente do clube, se aplica neste caso. Que tal, o Souza metendo a bola em profundidade para a dupla Dualib e Mansur?
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Menos do que um erro de cálculo, contar com a obtenção de pelo menos quatro pontos na soma dos jogos contra Sport e Atlético-PR, era muita pretensão do técnico Parreira. Bastava espiar a campanha desses dois times, mesmo descontando-se o fato de que este torneio é, antes de mais nada, uma gangorra.
Mas aí está o tricolor diante do Atlético, esta noite, já mais recomposto e com uma formação adequada a quem aspire vencer: dois volantes (Nem e Djair), dois meias de verdade (Denílson e Fábio Mello) e dois atacantes (Muller e Valdir).
É o mínimo. Mais que isso, só se Parreira metesse França no lugar de Fábio Mello. Ou seja: um jogador destro, pela direita, e mais ofensivo, porém com habilidade suficiente para também armar as jogadas a partir da intermediária adversária.
Mas isso seria o máximo da imprudência, segundo Parreira.
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Fosse chegado a um lugar comum, Mário Magalhães teria fechado sua oportuna crônica de ontem, aqui, com o surrado conselho leopardiano: é melhor nós fazermos as reformas agora para que eles não venham a fazer a revolução logo, logo.
É o que me parece o movimento dos cartolas cariocas em torno da criação da nova liga. Afinal, este Brasileirão é uma usina de prejuízos porque eles mesmos escolheram essa deficitária fórmula de disputa. Em todo caso, sejam quais forem os interesses que se movem à sombra dessa empreitada, é melhor que nada.
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Talvez, ainda não tenha chegado mesmo a hora de Aílton, a revelação do Guarani, mas me parece o tempo certo para Denílson ir se acostumando ao status de jogador de seleção.
Mas a amarga ironia dessa convocação de Zagallo para o amistoso contra a Lituânia foi a tão esperada chamada de Marcelinho. Ávido por disputar uma Copa e desesperançado já de fazê-lo por seu país, o craque cogitava até adotar uma nova cidadania. E a chance, agora, colhe Marcelinho paralisado. É muito azar.

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