São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Papa sofre operação e passa bem

Cirurgia do apêndice dura 50 minutos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A cirurgia de apendicite do papa João Paulo 2º, 76, foi um sucesso, segundo seus médicos. A operação aconteceu na manhã de ontem, na clínica Gemelli, em Roma, e durou 50 minutos -o papa ficou duas horas na sala de cirurgia.
Francesco Crucitti, o chefe da equipe médica, negou várias vezes que o papa tivesse um tumor. Segundo ele, foi uma cirurgia "de manual" -isto é, sem imprevistos, tal qual descrita em livros.
Uma biópsia no material retirado demonstrou "episódios recorrentes de inflamação do apêndice". O papa deve ficar internado durante sete dias. Sua reação à cirurgia, aparentemente, foi boa. Ele recebeu dez pontos no abdome.
Mas Crucitti disse que João Paulo 2º pode ficar internado mais alguns dias. "Não esqueçamos que ele tem 76 anos. Seria bom o papa descansar um pouquinho mais."
O médico disse que o papa recobrou a consciência logo depois do final da cirurgia e agradeceu à junta médica pela operação.
Um dos assistentes de Crucitti pareceu menos otimista. Corrado Colagrande, especialista em radiologia, disse que a operação foi "um pouco mais difícil" devido aos tecidos cicatrizados decorrentes de duas operações anteriores -uma em 1981 e outra em 1982.
Segundo Colagrande, tendo extraído o apêndice o papa "seguramente se sentirá melhor, mas não vai voltar a ser jovem".
O porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, disse que "é sempre um alívio quando a operação confirma um diagnóstico".
Nos últimos dias, Navarro-Valls vinha tendo trabalho em convencer a imprensa de que o papa não tinha um tumor. "É o momento de desmistificar essas fantasias. Estou aqui para dizer-lhes a exata realidade", disse Crucitti sobre a possibilidade de um tumor.
Em 1992, o papa foi operado no intestino e retirou um tumor do tamanho de uma laranja, que estava prestes a se tornar maligno. "Ele nunca teve um novo crescimento de tumor", disse o médico.
Segundo o Vaticano, o papa estava tranquilo antes da operação. Levantou-se à 1h (23h de segunda em Brasília), isto é, duas horas e meia antes do normal, e rezou durante 105 minutos na capela instalada junto a seu quarto, na clínica.
"Ele rezou parte do rosário e todo o breviário do dia, por não saber se poderia fazê-lo mais tarde", disse Navarro-Valls. Depois, o papa celebrou uma missa com seu secretário, Stanislao Dziwisz.
Entre as personalidades que enviaram mensagens estão: Aleksander Kwasniewski, presidente polonês; Iasser Arafat, líder palestino; Romano Prodi, premiê italiano; e os reis Juan Carlos e Sofia, da Espanha -além, segundo Navarro-Valls, de "um afetuoso cartão de um prisioneiro italiano".
O presidente Fernando Henrique Cardoso desejou ao papa uma recuperação rápida. "Aceite Vossa Santidade os votos que formulo, em nome da nação e do povo brasileiro, de plena saúde e de pronto e completo restabelecimento."

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