São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Estudar é preciso, viver...

GUSTAVO BERG IOSCHPE
ESPECIAL PARA A FOLHA

É incrível o que um vestibulando pode fazer para não ter de estudar. Para evitar esse dever -que realmente é um porre-, você se lembra de ligar até para a amiga da sua avó que está doente, se oferece para fazer o rancho, vai tomar injeção, enfim, faz qualquer coisa.
Mas não adianta: você volta para o quarto e continua lá na sua mesa aquele livro de biologia, com a foto do nematelminto charmoso piscando para você e te convidando para um fuça a fuça. Ou seja, para que você decore todo o seu sistema digestivo, excretor e mais todas aquelas coisas agradáveis que o vestibular te obriga a saber.
Depois de ir para a cozinha pela milésima vez e ler o quinto jornal do dia, chega uma hora em que a angústia de vestibulando vence a preguiça.
Às vezes, por meio de argumentos muito convincentes, como o cascudo do pai aos berros de "vai estudar, vagabundo!".
Quando finalmente chega a hora de sentar a bunda na cadeira e encarar a dureza, é importante que você se organize para estudar da forma menos chata possível.
É sempre uma boa estudar uma matéria que você goste (ou pelo menos deteste menos) junto com aquela que você acha insuportável.
Fazer sempre exercícios dos conteúdos estudados (nas humanas, faça testes de vestibular) também facilita. Você passa a ter certeza de que está entendendo o que está estudando e evita a rotina de ficar babando em cima dos livros.
Fazer resumos é interessante para quando for preciso dar uma recapitulada e não ter de sair revirando todos os livros de novo. Ou, pelo menos, para impressionar os amigos, colando-os (os resumos, é claro) na parede do seu quarto.
Se os seus irmãozinhos barulhentos não estiverem cooperando, faça-os participar.
Quando tiver estudando queda livre, pegue a TV de um e o som de outro e os chame para assistir você jogando tudo janela abaixo, sempre explicando como age a resistência do ar etc.
Caso essa medida não dê resultado e eles continuarem pentelhando, chame-os quando o assunto for eletrostática. Peça para os dois segurarem o fio desencapado, de pés descalços, enquanto você vai enchendo a banheira e... bom, deixa pra lá, ainda vou ser censurado.
Se o resto da família reclamar, diga que é só por meio do sofrimento conjunto que todos chegarão unidos à redenção final quando sair a lista dos aprovados.
Família é para essas coisas, pô!

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