São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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'Mensageiro' cria beleza

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A Europa se impõe com pelo menos dois filmes. "A Rainha Margot" (HBO, 14h) é mais recente e também mais conhecido.
"O Mensageiro", que o Bravo Brasil mostra em duas sessões (12h e 20h) é um caso mais complicado. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes e fez sucesso, no início dos anos 70, mas o tempo meio que se encarregou de passar uma esponja sobre a lembrança que se tem dele.
É um destino frequente a filmes que nem são tão antigos, nem muito recentes: ficam numa espécie de limbo, até serem reencontrados.
"O Mensageiro" carrega a sina dos filmes ingleses, de remeter o espectador a um passado perpétuo. Mas, observe, com que classe Joseph Losey narra a história do menino que leva bilhetes de amor de um lado para outro.
Amor clandestino, obviamente, o que torna mais interessante o papel do leva-e-traz. Sua inocência, o desconhecimento do que rola por trás das mensagens que carrega, é o aspecto imprescindível.
O segundo aspecto -quase oposto- é a percepção inconsciente de que algo muito importante ocorre em torno daquelas mensagens. O que faz o menino imbuir-se da condição de um quase correspondente de guerra.
Cada um de seus gestos tem a agonia e a urgência das coisas imprescindíveis. Daí Losey tira a beleza e a grandeza de seu filme.
(IA)

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