São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Djavan estréia "Malásia" no Tom Brasil

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de colocar 12 mil pessoas no Hollywood Bowl, em Los Angeles, Djavan lança seu 12º disco, "Malásia", numa turnê que se inicia por São Paulo.
O compositor sorri de boca a boca. A música "Sina" estourou na Itália, e "Oceano" começa a estourar. "Quero saber se o dinheiro entra", ironiza.
Não é um campeão em vendagens, mas é o soberbo representante pátrio de execuções em rádios da Europa, EUA e Japão. Agora, explora o mercado latino-americano.
Magoado com a crítica brasileira, que levantou erros de concordância em uma de suas músicas, desabafa: "Lamento que eles não conheçam nossa língua. A letra está corretíssima. Aceito críticas, tenho meus defeitos, mas nossa língua eu conheço com afinco".
"Sina", "Pétala", "Oceano" e "Açaí" estão fora do show. "Estas músicas me pediram férias. Não aguentava mais", comenta em entrevista exclusiva no seu quarto de hotel, em São Paulo.
*
Folha - Você se notabilizou por projetar músicos novos. Onde você os encontra?
Djavan - Tudo começa nos discos. Meus filhos me indicam músicos novos, faço "auditions" (testes). Eles ficam nervosos. É chato, mas quero ver a capacidade do cara decorar. Quero ver a capacidade de improviso.
Folha - Essas "auditions" são comuns no meio?
Djavan - Lá fora, é. Aqui, está começando. Viajo para fora do Brasil desde 1981. Meus músicos acabam tocando para seus ídolos, como Quincy Jones, George Duke. É uma grande troca.
Folha - Muitos músicos americanos vão ver seus shows. É por amizade?
Djavan - Americano não faz nada por amizade. Minha formação ampla, meu ecletismo, atrai eles.
Folha - Lá fora, a música brasileira saiu do contexto world music e ganhou o próprio. A que se deve este fenômeno?
Djavan - É um país privilegiado, que mistura ritmos, o nordeste é uma coisa, o sul, outra. Agora, estou descobrindo a América Latina. Me falaram: cara, conhecemos vocês há 20 anos, e só agora vocês vêm pra cá. O Brasil está para a América Latina o que os EUA estão para o Brasil.
Folha - Suas idas à África renderam frutos?
Djavan - O que mais me deixou no lucro foi identificar a origem do meu trabalho, que muitas pessoas, no começo, estranhavam. Lá, você fica louco, tudo o que vê surpreende.
Folha - Mudando de assunto, de onde vem sua tara por carros?
Djavan - Tenho verdadeira paixão pela tecnologia BMW. Fico querendo voltar para casa só para dirigi-lo. O barulho do motor é o mais lindo. Meu primeiro carro foi um táxi, um Fusca verde. Eu fazia bicos em Maceió. Minha primeira BMW foi em 83. Hoje, tenho duas, uma 325 e uma 528.

Show: Djavan
Quando: de hoje a 27/10, qui. às 21h, sex. e sab. às 22h e dom. às 20h
Onde: Tom Brasil (r. das Olimpíadas, 66. tel. 011/820-2326)
Quanto: de R$ 30 a R$ 70

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