São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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FHC 2

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O governo conseguiu dar um tiro no próprio pé ao lançar o pacote de cortes nos gastos públicos na sexta-feira passada.
Quatro ministros anunciaram medidas que poderiam gerar economias de até R$ 6,5 bilhões.
FHC e seus ministros preferiram não tratar do assunto com o Congresso. Fizeram tudo por conta própria.
Os parlamentares se irritaram. Hoje, uma reunião de líderes governistas pode decretar a famosa "falta de clima político" para votar a reforma administrativa amanhã, como era o desejo do governo.
"O governo não precisava ficar somando os cargos vagos que iria fechar. Isso não depende de lei. Basta fazer. Pegou muito mal. Os líderes agora podem ficar fazendo corpo mole, cruzando os braços", analisa o relator da reforma administrativa, o deputado federal Moreira Franco (PMDB-RJ).
Para Moreira Franco, o governo quis dar uma resposta para o seu público mais caro: "As instituições internacionais, os economistas, enfim, todos os que cobravam alguma atitude a respeito do déficit público".
Isso foi feito. Técnicos de quatro ministérios somaram tudo o que seria possível economizar com o pacote anunciado na sexta-feira. Só que se esqueceram que muitas medidas desagradam a eleitores de muitos deputados e senadores.
Os técnicos não somaram as possíveis perdas políticas. Se a reforma administrativa for engavetada, será uma derrota grande para o governo.
É uma amostra do que pode acontecer se FHC cumprir mesmo o que diz no caso de a reeleição não sair. Ele pararia de paparicar o Congresso. E governaria só com maioria simples.
O presidente correria dois riscos. O de ficar sem a reeleição. E, pior, de perder a governabilidade nos dois anos finais do seu atual mandato.
*
Só para constar. Luiz Carlos Santos continua candidatíssimo à presidência da Câmara. Suas declarações dizendo que está fora da disputa são apenas da boca para fora.

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