| São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Monicelli faz 'Forrest Gump' italiano
JOSÉ GERALDO COUTO
Conta a história de Claudia (Margherita Bay), uma moça de Milão que, nos anos 60, vai estudar na Inglaterra e vira hippie. Depois, volta para a Itália e vira militante de esquerda, depois feminista, depois espiritualista. Com o detalhe de, no meio do caminho, ter um filho negro, cujo pai voltou para a África logo depois de engravidá-la. As diferenças entre o filme de Monicelli e o de Robert Zemeckis são evidentes e significativas. Se Forrest Gump estava sempre na periferia dos acontecimentos e era atropelado casualmente por eles, Claudia está no centro deles e é agente consciente. Se o filme de Robert Zemeckis era, em última análise, uma apologia dos Estados Unidos, "Em Busca do Paraíso" mostra um amargo desencanto com os rumos da Europa e do mundo. Nenhuma utopia permanece em pé ao final da comédia triste de Monicelli. Amor livre, comunismo, feminismo, multiculturalismo -tudo são máscaras do erro. A humanidade anda aos tropeços, como Claudia. A estrutura narrativa é estranha e interessante: o filme começa em 1972, tem um flashback até o início dos anos 60 e avança a partir daí, passando adiante até a primeira década do século 21 (!). Cabe destacar a competente reconstituição de época e o ótimo elenco, composto de desconhecidos, à exceção dos veteranos Phillipe Noiret e Aurore Clement, como os pais de Claudia. Filme: Em Busca do Paraíso Produção: Itália, 1996, 108 min., col. Direção: Mario Monicelli Com: Margherita Bay, Philippe Noiret, Lello Arena, Aurore Clement Texto Anterior: "Forrest Gump" da contracultura Próximo Texto: Anjos em queda Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |