São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Pesquisadores apostam em corações frios para salvar vidas

DA "NEW SCIENTIST"

O congelamento de seres humanos já foi mote para filmes de ficção científica. Essa aventura agora está próxima de se tornar realidade -mas para os ratos. Por enquanto, só eles podem usufruí-la.
Cientistas da Universidade de Pretória (África do Sul) ressuscitaram o coração congelado de um rato sem que danos fossem constatados no órgão. Essa é a primeira divulgação de um descongelamento bem sucedido.
Michelle Visser, que liderou a equipe de cientistas, pretende transplantar um coração descongelado de porco em um animal vivo até o final do ano.
"Crioprotetor"
O maior obstáculo ao congelamento de órgãos é o dano causado às membranas celulares. A água, presente no interior das células, se expande com o congelamento e rompe a estrutura da célula.
A equipe de Visser superou a dificuldade utilizando um novo líquido "crioprotetor" (a criogenia é a ciência que estuda sistemas em temperaturas muito baixas).
A substância, não tóxica, equilibra a pressão interna da célula.
Passo a passo
A demonstração se deu nos laboratórios da Alcor Life Extension Foundation, localizada no Arizona (EUA).
O coração do rato foi mergulhado no crioprotetor e congelado com nitrogênio líquido à temperatura de -196°C.
Depois, o órgão foi envolvido em uma solução a 0°C, semelhante ao fluido corporal do rato, quando começou o descongelamento.
O órgão então entrou em contato com um sistema que imitava a circulação do rato. O crioprotetor foi retirado e o coração aquecido até a temperatura ideal de 37°C.
A análise do tecido descongelado do coração do rato, feita num microscópio eletrônico, constatou que a sua estrutura celular continuou intacta.
Aplicações Práticas
Visser pretende um dia aplicar essas técnicas ao transplante de órgãos em seres humanos.
Os cientistas esperam que o congelamento permita a armazenagem do órgão até que se encontre um receptor compatível.

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