São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Para Idec, bancos não informam clientes
OSCAR RÖCKER NETTO
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), são muito poucos. Uma pesquisa feita pelo instituto concluiu que a relação banco-cliente é um paradoxo. "Apesar de o banco ser o fornecedor do serviço, é ele quem escolhe o cliente, e não vice-versa", diz Maria Inês Landini Dolci, 40, coordenadora da pesquisa. Um contra-senso até certo ponto explicado pelo fato de que todo banco tem o direito de escolher em que nicho de mercado vai atuar, reconhece a coordenadora. Daí existirem exigências diferenciadas de renda, de depósito inicial etc. Há bancos que, por política administrativa, definem determinadas faixas de clientes e centram ali suas ações. Mas o Idec questiona a falta de contrapartida na relação. Os bancos exigem muito e oferecem pouco em troca, diz Maria Inês. "Eles enviam muita correspondência, mas não informam o que cobram, como são feitos os débitos, quais os valores e as tarifas com as quais o cliente vai arcar." Segundo Maria Inês, com isso o consumidor deixa de perceber as vantagens e desvantagens de cada instituição financeira. Ela faz uma comparação. Quando o consumidor compra um carro, por exemplo, ele recebe manual de instruções que explica o funcionamento e tem um prazo de garantia contra problemas. "Nos bancos não há nada disso." Por lei, os bancos têm de deixar o preço das tarifas afixado nas agências. Para o Idec, essa não é uma boa fórmula, porque o cliente não tem como avaliar os serviços e tarifas adequadamente. Os pesquisadores do instituto pediram fotocópias da relação das tarifas nas agências para analisar em casa. Tiveram dificuldades, segundo o Idec. Os funcionários disseram que é possível pedir por fax. "Mas não mandaram do mesmo jeito", diz Maria Inês. "Você abre a conta, mas não sabe os serviços que vai ter à disposição. Até parece que o banco está fazendo um favor em aceitar o cliente." Método Os pesquisadores do Idec visitaram 43 agências de 12 bancos, em quatro bairros de São Paulo. Registraram quais os documentos e recursos exigidos. Se identificaram apenas como possíveis clientes. Além do centro da capital paulista, foram visitadas agências dos Jardins (zona oeste), Tatuapé (zona leste), Brooklin e Santo Amaro (zona sul). Texto Anterior: Cobradores sofrem de estresse Próximo Texto: "Cada banco com seu cliente" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |