São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
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Entidade alerta consumidor sobre juros

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As lojas que vendem equipamentos de informática a prazo são as praticam os maiores abusos, como não informar as taxas de juros a serem pagas, cobrar juros superiores aos informados aos clientes e utilizar contratos não muito claros.
A constatação é de pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), que também compila dados sobre juros com base em anúncios de jornais.
Em setembro, segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da entidade e coordenador da pesquisa, o juro médio entre vários setores (ver tabela) ficou em 9,33% ao mês, ou 191,66% ao ano.
São "juros absurdamente elevados" para um país com inflação beirando 10% ao ano e juros básicos no patamar de 1,85% ao mês (24,60% ao ano), afirma Oliveira.
Mas os consumidores não se dão conta disso porque, de acordo com a mesma pesquisa, a grande maioria entra num financiamento em saber seu custo.
Desinformação
A entidade ouviu em setembro 455 consumidores e, segundo Oliveira, 418 responderam que não sabiam a taxa de juro que estavam assumindo. Também não souberam dizer se ela era alta ou baixa.
Entre os demais consumidores, que afirmaram saber calcular os juros, todos o fizeram de forma incorreta quando questionados sobre a forma utilizada, afirma o vice-presidente da Anefac.
Além das lojas de informática, as de veículos, de turismo, de celulares e de utilidades domésticas lideram, pela ordem, os setores com maiores abusos de informação aos consumidores, afirma Oliveira.
Para ele, a concentração dos abusos ocorre entre pequenas e médias empresas, já que 58% dos anúncios em jornais pesquisados são desses setores. A pesquisa envolveu grandes jornais de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Brasília, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
O próprio tamanho dos juros varia conforme o porte das lojas. Em setembro, as grandes redes praticavam juro médio de 7,53%, enquanto nas médias era de 8,60%, e nas pequenas, de 11,03%, mostra a pesquisa da Anefac.
Considerando a média nacional de todos os setores, a menor taxa de juros foi observada na revenda de veículos, de 5,78% ao mês.
Isso faz sentido, segundo executivos financeiros, porque nesse ramo tanto o valor do bem financiado quanto a garantia são maiores, o que contribui para reduzir o custo operacional e o risco, respectivamente.
Pesquisa do Procon-SP em setembro mostrou que, em 12 grandes bancos, o juro médio do crédito direto ao consumidor era de 5,23% ao mês. Em outubro caiu para 5,04%. Uma explicação é que o crédito, sendo mais seletivo nos bancos, embute menor taxa de risco.

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