São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
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Conservador lidera eleição nicaraguense

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Apesar de mais da metade dos votos ainda não ter sido apurada, o populista de direita Arnoldo Alemán, 50, declarou-se o vencedor das eleições presidenciais de anteontem na Nicarágua.
Com 42,19% dos votos computados, as autoridades eleitorais da Nicarágua declararam que Alemán tinha 48,11% deles, contra 39,11% de Daniel Ortega, 50, o líder da revolução que levou os sandinistas ao poder em 1979.
"A partir de hoje, eu convido todos os outros partidos políticos, do segundo colocado ao último, a unir forças. A Nicarágua precisa de todos nós para deixar o passado para trás", afirmou Alemán em um discurso de vitória.
Ele disse que esperava obter pelo menos 50% dos votos. Para evitar um segundo turno, no final de novembro ou início de dezembro, qualquer dos 23 candidatos à Presidência deve ter 45% dos votos.
O último boletim do Conselho Supremo Eleitoral foi divulgado às 13h10 (17h10 em Brasília). Arnoldo Alemán tinha 380,5 mil votos, e Daniel Ortega, 309,3 mil.
Precipitação
Mas Ortega declarou ontem que Alemán estava sendo precipitado em se declarar vitorioso, ainda com 6,96% dos votos apurados (menos de 120 mil) no momento.
"Temos uma contagem paralela com 300 mil votos. A Frente Sandinista aparece um ponto à frente", disse o líder de esquerda.
Ortega não divulgou os números exatos que o colocariam à frente de Alemán nem a sua origem.
O sandinista afirmou que havia detectado "algumas anomalias" durante a eleição, mas também se recusou a indicar quais seriam.
A eleição começou tarde em parte dos locais de votação por causa do atraso no envio das cédulas. Houve também confusão por causa das seis eleições simultâneas (parlamentares, locais e para o Parlamento Centro-Americano) e das longas cédulas (mais de 1 m).
Arrependido
Arnoldo Alemán liderava as pesquisas de intenção de voto com 20 pontos percentuais há cerca de dois meses, mas Ortega conseguiu se aproximar dele dizendo ter se arrependido dos erros do passado.
O sandinista, que promoveu uma série de estatizações quando estava no poder, disse ser favorável à economia de mercado.
O anticomunista Alemán, advogado e produtor de café, teve propriedades confiscadas na época. Depois, em 1990, tornou-se prefeito de Manágua (capital), onde promoveu expurgo dos sandinistas.
Na sede da Frente Sandinista de Libertação Nacional, as autoridades estavam preocupadas com os resultados iniciais.
Na sede da campanha de Alemán, os simpatizantes dançavam e comemoravam os resultados.

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