São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Desastre na Nova República completa sete anos sem indenização a famílias

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O mais trágico acidente acorrido durante a gestão de Luiza Erundina na prefeitura, o desmoronamento de um aterro irregular sobre a favela Nova República, no bairro do Morumbi (zona oeste de São Paulo), completa sete anos amanhã sem que as 76 famílias vitimadas pelo desastre tenham uma solução para seus problemas.
Apenas 25 famílias receberam uma indenização, em fevereiro deste ano, mas num valor irrisório: R$ 120 reais, pagos pelo proprietário do terreno e promotor da obra, Edmond Alfred Haiat.
As outras 51 famílias, entre elas as que tiveram parentes mortos no acidente (12 crianças e 2 mulheres) não receberam indenização.
Os favelados, que foram transferidos pela prefeitura para um conjunto da Cohab no jardim Arpoador (zona oeste de São Paulo), abriram um processo contra Haiat e a prefeitura. Iniciado pela promotoria de Justiça do Estado, o processo ainda não teve sentença.
A ação contra a prefeitura deve-se ao fato de que os moradores, prevendo desastres no local, acionaram a Administração Regional do Butantã e o Departamento de Uso e Ocupação do Solo.
Havia mais de seis processos administrativos contra a construção da obra na prefeitura. Mesmo assim ela não foi interrompida.
Uma ação penal movida pela 1ª Vara Criminal de Pinheiros condenou, além de Haiat, dois engenheiros da prefeitura, Juvenal Nigro Neto e Edson Menzato (a dois anos de detenção), e dois fiscais da Administração Regional do Butantã, Vera Nunes e Joel Viriato (a um ano e oito meses).
Desorientados
Apesar da condenação -ao cumprimento de penas em regime aberto e sursis (suspensão condicional da pena)- eles não cumprem a sentença. Recorreram ao Superior Tribunal de Justiça.
Tereza de Jesus Silva Santos, que perdeu cinco filhos no desastre, diz que "nós ficamos totalmente desorientados sobre como buscar nossos direitos".
O advogado Alexandre Malachias, da Associação em Defesa da Moradia -entidade que defendia moradores durante a gestão Erundina- deixou insatisfeitos a maioria das vítimas. "Ele conseguiu indenizações absurdamente baixas", diz outra moradora, Vanderlina Alves.

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