São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Itamar testa seu prestígio em Minas

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Um "cabo eleitoral" mais conhecido que os candidatos se destaca na disputa em Juiz de Fora. É o ex-presidente Itamar Franco, que apóia Tarcísio Delgado (PMDB-PPS-PC do B) contra Alberto Bejani (PFL). Uma possível volta de Itamar ao Palácio do Planalto é parte dos discursos de campanha de ambos os candidatos à prefeitura. "Queremos que nossa cidade seja uma base importante da volta de Itamar à Presidência", disse Delgado, 62, à Folha. Do outro lado, entre críticas ao ex-presidente, Bejani, 46, deu declarações em sentido semelhante: "Quero que Itamar seja candidato à Presidência, mas minha eleição pode derrubá-lo".
Embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos, Itamar não deu declarações sobre a disputa durante o primeiro turno. Mas permitiu que imagens suas com Delgado fossem usadas na propaganda do PMDB e seu grupo político apoiou o peemedebista. Em 3 de outubro, Itamar declarou que votaria no peemedebista. "Agora é um apoio ostensivo", disse o candidato do PMDB.
Os dois estiveram afastados durante anos. Em 1986, Delgado não apoiou a candidatura de Itamar ao governo de Minas pelo PL. Em 1988, Itamar retaliou, não apoiando o candidato de Delgado à sua sucessão, na Prefeitura de Juiz de Fora. Os dois chegaram a trocar insultos. Hoje, tudo isso é passado. "Foram divergências políticas", afirmou Delgado. "Ele saiu do PMDB e eu disse que só ficaria com ele se ele ficasse no PMDB. Nunca fomos inimigos."
Delgado
Na política desde 1966, advogado, ex-deputado federal, ex-prefeito (1983-88), ex-diretor do DNER, Delgado reúne, no segundo turno, uma frente que inclui PT, PPB, PSDB, PSC, PSB, PDT, PTB e PMN, entre outros. Segundo ele, os apoios que conseguiu até agora não são parte de barganha por cargos. "Só converso sobre governo a partir de 16 de novembro", afirmou.
Bejani
Radialista, defensor da candidatura de Fernando Collor à Presidência, prefeito da cidade (89-92), Bejani ainda hoje tem sua gestão contestada na Justiça, mas atribui tudo a seus inimigos. "Se houvesse algo errado, eu não poderia ser candidato." "Eles sabem que Bejani pegou a cidade com 14 mil alunos matriculados e deixou com 30 mil", disse, citando estatísticas de seu governo que considera favoráveis.

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