São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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FHC critica 'choramingueira' por verbas

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem a mentalidade "choramingueira" diante das dificuldades e da falta de recursos do governo federal.
"Não podemos viver sempre em círculo, como peru na véspera de Natal, ao redor das nossas dificuldades", disse o presidente.
Nos últimos dias, Fernando Henrique tem sido pressionado para liberar mais verbas para os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e também para renegociar as dívidas dos Estados.
FHC fez as declarações em discurso durante a cerimônia em que anunciou um financiamento de US$ 650 milhões para a rede pública de saúde.
Estavam na cerimônia sete governadores, entre os quais Cristovam Buarque, do Distrito Federal; Roseana Sarney, do Maranhão; e Paulo Souto, da Bahia.
"Não adianta pensar em recursos que não existem, não adianta só sonhar. É preciso sonhar, mas é preciso também não ficarmos simplesmente no sonho", afirmou o presidente.
Fernando Henrique disse saber que existem poucos recursos, mas afirmou que é preciso ter uma mentalidade afirmativa e usar bem o dinheiro do governo. "Daqui para frente será melhor e no ano que vem teremos mais e não menos recursos", declarou.
Para o presidente Fernando Henrique Cardoso, prover recursos que não existem é "demagogia" ou "provocar inflação".
Demagogia
Depois do discurso de FHC, Cristovam Buarque afirmou que os governadores não vão cair na "demagogia de que tem dinheiro sobrando" nem colocar em risco o Plano Real.
"Ao mesmo tempo, precisa sensibilidade para perceber que há caminhos alternativos", completou. Ele está costurando com os outros governadores o envio ao Senado de projetos para aliviar os problemas financeiros dos Estados.
Cristovam disse que os governadores continuarão discutindo com os técnicos do governo a renegociação da dívida dos Estados, mas também querem articular uma saída política para os problemas.
"Como a folha de pagamento, a dívida é um problema político. A folha não está se resolvendo politicamente por MPs (medidas provisórias) e reforma da Constituição? Por que a dívida também não é enfrentada dessa maneira?", questionou o governador.
Também estavam presentes na cerimônia os governadores Albano Franco (SE), Francisco de Assis Moraes Souza, o Mão Santa (PI), Valdir Raupp (RO), José Hulse (SC, interino), os ministros Pedro Malan (Fazenda), Adib Jatene (Saúde) e Israel Vargas (Ciência e Tecnologia).

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