São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Governo envia negociadores ao Maranhão

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Uma equipe do governo federal chegou a Grajaú (558 km ao sul de São Luís) para negociar com os índios guajajaras a libertação dos cerca de 130 reféns mantidos na aldeia do Coquinho.
Os reféns estão na aldeia desde a última quinta. Os índios exigem o asfaltamento da rodovia BR-226, que corta a reserva indígena Canabrava, habitada pelos guajajaras.
Moradores de Grajaú mantiveram bloqueados ontem todos os acessos à cidade. Eles interditaram as rodovias da região pelo segundo dia consecutivo, em protesto contra as condições da estrada.
A equipe do governo federal -composta pelo diretor da Funai (Fundação Nacional do Índio), Elízio Bizzio, pelo diretor-executivo do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), Maciste Granha, pelo indigenista e assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça Benjamin Sitsu, e por dois agentes da Polícia Federal- chegou à aldeia do Coquinho ontem à tarde.
A comitiva iria até a aldeia para negociar com os líderes guajajaras Karayn Itamanam e João Madrugada. Antes, se reuniram com moradores de Grajaú que também exigem o asfaltamento da estrada.
Segundo o Ministério dos Transportes, a equipe governamental iria "tentar apaziguar" os ânimos dos índios com a promessa de que a pavimentação da BR-226 entrará no Orçamento da União de 97.
Anteontem, os secretários-executivos Milton Seligman (Justiça) e José Luiz Portella (Transportes) se reuniram em Brasília com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), e com a bancada do Estado no Congresso.
Foi decidido que as obras na rodovia só serão feitas em 97, por falta de dotação orçamentária este ano.
Até ontem, os reféns estavam sendo alimentados com comida feita pelos índios. Segundo a rádio Mirante AM, de São Luís, há entre os cativos uma mulher de 80 anos, doente, e crianças com catapora.
No domingo, um funcionário do IBGE, também detido pelos índios, foi atendido no hospital Santa Neusa com infecção estomacal.
Um dos reféns é o promotor de Justiça Ricardo Henrique de Almeida, que viajava de São Luís a Grajaú, onde começaria a trabalhar esta semana.

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