São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Sheryl Crow vai aos livros para fazer novo CD

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

Não é à toa que Sheryl Crow decidiu usar apenas seu nome no título de seu último disco, recentemente lançado nos EUA: ela compôs todas as músicas, tocou vários instrumentos e assumiu a produção.
"Eu realmente tentei fazer um trabalho mais pessoal", diz Crow. Segundo ela, essa é a grande diferença entre "Sheryl Crow" e seu álbum de estréia, "Tuesday Night Music Club".
O disco anterior teve uma participação muito maior de outras pessoas em sua elaboração. Das músicas à produção, que foi feita por Bill Bottrell.
Crow afirma não sido vítima da pressão de ter de repetir em seu segundo disco o sucesso de "Tuesday Night". Mas admite ter experimentado uma grande apreensão em relação à qualidade de seu trabalho.
"Há uma incerteza na criação, saber se uma coisa é boa ou não. Você sabe, todas aquelas expectativas que você põe em você mesmo. Eu acho que é mais pesado do que 'Jesus, será que eu posso vender 7 milhões de cópias?'."
Literatura
Surpreendentemente, Sheryl Crow diz que seu trabalho é mais influenciado pela literatura do que pela música.
Na verdade, ela acredita ser mais fácil transformar a inspiração dada pela literatura em uma composição própria. "Quando eu vou escrever uma música, é muito fácil ser inspirada pela música de outra pessoa. Também é muito perigoso, porque você se pega escrevendo naquele estilo."
Para ela, esse risco não existe com a literatura. Por essa razão, Crow evita ouvir música quando está trabalhando em um disco e tenta ler livros. Entre seus escritores prediletos estão Mark Twain, John Irving e John Steinbeck.
Bósnia
Democrata de carteirinha, Sheryl Crow, 35, escreveu duas músicas de caráter político para seu último disco: "Redemption Day" e "Love Is a Good Thing".
A primeira foi resultado de sua viagem à Bósnia com a primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton. Crow tocou para soldados americanos que estão na ex-Iugoslávia.
"Love Is a Good Thing" fala de violência juvenil e defende o controle da venda de armas -uma das bandeiras da administração do democrata Bill Clinton.
Sheryl Crow diz que tem "planos" de se apresentar no Brasil, mas tudo dependerá do sucesso de seu disco no país. No ano passado, ela passou três dias e meio entre Rio e SP se apresentando com Elton John. "Foi uma benção", diz.
Mas a principal lembrança que tem do país não é brasileira, mas sim de um dia de "Ação de Graças" tipicamente americano que teve na casa de uma família em SP.
Nova Orleans
Sheryl Crow mora em Los Angeles, mas decidiu gravar o disco em Nova Orleans, onde poderia se dedicar integralmente ao projeto.
Inicialmente, o disco seria produzido por Bill Bottrell, responsável por "Tuesday Night Music Club", mas ele desistiu do trabalho por razões que Sheryl Crow diz desconhecer. Foi aí que ela própria decidiu produzir seu disco.
A cantora também teve grande participação nos instrumentos: tocou os teclados de todas as músicas e foi responsável pelo baixo e guitarra de algumas delas. "Eu não toquei bateria", brinca, numa referência a um dos poucos instrumentos que não sabe tocar.
Antes de gravar seu primeiro disco, Crow trabalhou como "backing vocal" com uma série de músicos consagrados, como Rod Stewart e Michael Jackson.

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