São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Fogo mata 29 presos na Venezuela

Carcereiros são acusados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 29 detentos da penitenciária de La Planta, na Venezuela, foram queimados vivos quando um incêndio, aparentemente provocado por carcereiros, atingiu parte do local ontem.
Os prisioneiros chegaram a dizer que 40 pessoas haviam morrido, mas, no começo da noite de ontem (final da tarde, na Venezuela), a cifra extra-oficial foi fixada em 29.
O ministro da Justiça, Henrique Méier, confirmou o número de mortos e acrescentou que poderia aumentar o saldo de vítimas na prisão, que fica a oeste de Caracas, a capital.
Ele considerou "um crime contra a humanidade" a morte dos prisioneiros e acusou três agentes penitenciários de terem causado o incêndio. "Por piores que sejam seus delitos, eles também são venezuelanos e merecem um tratamento justo."
Versão oficial
O incêndio começou por volta das 6h locais (8h em Brasília). A Justiça venezuelana ainda não sabia informar o que causou o fogo.
Autoridades disseram que o incêndio teria começado durante a contagem de presos de um dos pavilhões.
Segundo o deputado Carlos Melo, a falta de uma versão oficial para o motivo da crise, quase nove horas após o ocorrido, gerou caos dentro e fora da prisão.
O diretor de prisões do Ministério da Justiça, Antonio José Marval, afirmou que na recontagem, feita pela manhã, detentos e soldados da Guarda Nacional entraram em choque.
Os familiares dos presos, desesperados com a falta de informações, aguardavam no final da tarde de ontem a lista das vítimas.
Excesso policial
Marval descartou a possibilidade de que um motim dos presos teria gerado a violência. Segundo informações, funcionários da penitenciária estariam sob poder dos detentos, que teriam armas.
Segundo a Rádio Caracas, uma comissão antimotim entrou em La Planta para controlar a situação e, em seguida, foram ouvidos disparos. Marval afirmou que foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo dentro do presídio.
"Não vamos permitir uma nova entrada da Guarda Nacional porque isso poderá produzir mais violência", disse José Marval.
O diretor afirmou que a Guarda Nacional era a responsável pela atual situação no local. Os guardas teriam usado técnicas repressivas para controlar os detentos, o que teria originado a violência.

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