São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Palestinos tiram deputados israelenses de Belém

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Policiais palestinos expulsaram ontem três deputados israelenses da cidade palestina de Belém após eles se recusarem a apertar a mão de Iasser Arafat.
Zeev Baum, do Partido Nacional Religioso, Abraham Stern, do Likud, e Beny Eilon, do Moledet, todos de direita, estava na cidade como membros da Comissão Parlamentar para Assuntos do Interior.
O grupo foi a Belém visitar a tumba da matriarca bíblica Raquel e não sabia que o deputado trabalhista Salah Tarif, presidente da comissão, havia convidado Arafat.
"Quando ele veio em minha direção eu disse: 'Não lhe darei a mão'. Arafat passou, mas depois voltou e pediu que eu saísse", relatou Baum.
Ele acusou Tarif, membro da comunidade drusa, de agir "como um ladrão no meio da noite".
Tarif respondeu dizendo que os três agiram de forma "ofensiva e estúpida", e que cumprimentar alguém é "algo elementar". Outro deputado israelense, Ofir Pines, pediu desculpas a Arafat.
Próximo a Ramallah, na aldeia de Sinjil, um adolescente palestino foi morto em um choque com soldados israelenses. Ele estava em um grupo que atirava pedras nos soldados, durante o funeral de um palestino morto no dia anterior.
Hebron
O embaixador de Israel na Jordânia, Shimon Shamir, disse que um acordo para a retirada israelense da cidade de Hebron já está quase pronto e deverá ser assinado nos próximos dias em Ramallah, na Cisjordânia.
Pelos acordos de paz entre palestinos e israelenses, Hebron já deveria ter sido entregue à Autoridade Nacional Palestina, mas a medida vem sendo adiada desde o tempo do governo trabalhista. Israel diz que não há condições de segurança para os habitantes judeus da cidade (leia texto nesta página).
O mediador americano das negociações, Dennis Ross, desistiu de voltar aos Estados Unidos, como anunciou na véspera. A presumida partida foi interpretada como mais um fracasso no diálogo palestino-israelense.
Ao anunciar a partida, Ross disse que estavam pendentes apenas "questões técnicas" da devolução, mas, na noite de segunda, participou de uma reunião do comitê que examina temas civis e municipais ligados à retirada. Ross deveria deixar Israel ainda ontem.
O jornal israelense "Yediot Ahronot" publicou ontem trechos do que disse ser um documento secreto dos negociadores palestinos ao líder Iasser Arafat. Neles, os negociadores diziam que Ross estava sendo "muito favorável a Israel" e sugeriam que os EUA não vão pressionar Israel antes das eleições presidenciais americanas.
O jornal recebeu o documento de um colono israelense que vive em um assentamento perto de Nablus, na Cisjordânia.
O colono, por sua vez, teve acesso aos papéis de uma forma prosaica: os negociadores deveriam ter transmitido-os a Arafat em Nablus, mas discaram um número errado -o do fax do colono.

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