São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Segurança israelense irrita Jacques Chirac

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um dia após pedir a Israel a criação de um Estado palestino, o presidente da França, Jacques Chirac, protagonizou um incidente diplomático ao discutir com soldados israelenses em Jerusalém.
Chirac se irritou com o forte esquema de segurança durante sua visita à Cidade Velha, em que ele ficou o tempo todo cercado por soldados israelenses.
"É uma provocação. Parem com isso. Vocês querem que eu pegue meu avião e volte agora para a França?", gritou Chirac, em inglês e com a face vermelha, para o chefe da segurança.
A porta-voz dele, Catherine Colonna, disse que o presidente francês havia pedido segurança leve, mas as autoridades israelenses mantiveram o esquema que se tornou habitual desde o assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, há quase um ano.
O incidente aconteceu junto à Esplanada das Mesquitas, um dos locais mais sagrados do islamismo e ponto nevrálgico da revolta palestina contra os israelenses no mês passado.
Quando Chirac se preparava para entrar na igreja de Sant'Ana, seus assessores negociaram a retirada dos israelenses. A igreja é território francês, pois foi oferecida a Napoleão 3º pelo Império Otomano em 1856. Havia uma multidão de palestinos cristãos.
O presidente disse que reclamaria do incidente na reunião da tarde com o premiê Binyamin Netanyahu. Em frente à imprensa, Netanyahu disse: "Quero antes de mais nada me desculpar pelo que aconteceu esta manhã. O presidente Chirac me disse, e eu sinto muito. Não foi por mal, queríamos proteger um amigo".
Apesar do incidente, Netanyahu parecia satisfeito após o encontro. Ele disse que Chirac trouxe uma "mensagem positiva" do presidente sírio, Hafez al Assad, quem visitara em Damasco.
Nenhum dos dois deu detalhes sobre a "mensagem positiva" de Assad. "Nesses assuntos é preferível falar pouco", disse Netanyahu.
A Síria é o principal adversário regional de Israel e, junto com o Líbano (país que Damasco mantém sob sua esfera), o único vizinho com quem Israel não firmou nenhum acordo de paz.
Chirac disse que "a Síria tem o direito de reconquistar as colinas do Golã (anexadas por Israel)", mas elogiou "a profunda amizade entre França e Israel". Sob o incidente da manhã, foi diplomático: "O caso está encerrado".
Mas Chirac ainda passaria por outro constrangimento ontem, ao visitar o Knesset (Parlamento).
O deputado Rechavam Zeevi, do Partido Moledet (Pátria, de direita), esbravejou contra Chirac, reclamando que ele fizera um discurso "frente à quadrilha da Organização para a Libertação da Palestina", mas não no Knesset.

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