São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Habitação; Decepção; Agricultura; Gafe; Outro debate

Habitação
"A reportagem comparando o projeto Cingapura da atual administração com os mutirões da gestão passada (13/10) é uma importante contribuição para dar substância ao debate eleitoral.
A primeira conclusão a tirar é que o problema habitacional da cidade de São Paulo é grave, não pode ser resolvido em apenas uma gestão e nem somente por uma esfera de governo.
O modelo dos mutirões é mais lento que o Cingapura (30 meses contra 10 meses) e mais caro se considerarmos o preço pago pela desapropriação do terreno. Nos mutirões, até agora, o morador não sabe quanto vai pagar pela casa e sua única garantia é uma senha, para ser sorteada no final da obra.
No Cingapura o morador tem um contrato e, pela primeira vez em matéria de política habitacional, o favelado não é removido do local onde vive. Cabe aos leitores -e eleitores- julgar o que é melhor."
Lair Krahenbuhl, secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo (São Paulo, SP)
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"A reportagem sobre a ação na área da habitação do governo Erundina (13/10) apresenta inúmeras incorreções.
Os mutirões não foram a única realização do governo Erundina, que desenvolveu ainda vários outros programas habitacionais. Somando todas as famílias atendidas ou em atendimento atingimos 95 mil famílias beneficiadas.
É totalmente incorreta a afirmação de que 'os governos anteriores a Maluf transferiam os favelados para a periferia'. A diretriz básica da gestão Erundina, que antecedeu o atual prefeito, era não transferir favelados e para isso urbanizou ou verticalizou favelas no próprio local.
Erundina não deixou esqueletos de casas para a gestão seguinte, como afirmou pejorativamente a reportagem.
As garantias que os mutirantes têm em relação à propriedade do imóvel são infinitamente maiores do que as dos moradores do Cingapura, ao contrário do que afirma a reportagem.
Finalmente, a reportagem deixa de destacar a principal característica do mutirão: muito mais do que trabalho gratuito de construção de casas, trata-se de um processo autogestionário, uma bem-sucedida experiência de gestão pública não-estatal."
Nabil Bonduki, ex-superintendente de Habitação Popular na gestão Erundina (São Carlos, SP)

Resposta do jornalista Fabio Sanchez - 1) A reportagem não afirma que a única realização do governo de Luiza Erundina foram os mutirões. 2) A reportagem não afirma que Erundina transferiu favelados e cita os prédios construídos durante a sua gestão. 3) A ex-prefeita deixou 10.391 casas contratadas para serem terminadas na gestão seguinte. 4) Como afirma o texto publicado, moradores do Cingapura e mutirão não têm garantia de propriedade.
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"Sobre a reportagem a respeito da habitação (13/10), quero esclarecer que os mutirões iniciados na gestão da ex-prefeita Luiza Erundina foram concebidos com a nossa participação e foram aplicadas regras de autogestão e ajuda mútua votadas por nós.
A morosidade se deu por causa da paralisação, por quatro anos, do repasse de verbas por Maluf. A continuação das obras só se deu nos últimos meses, eleitoreiramente.
Na gestão Maluf foram concluídos apenas 45 apartamentos da Associação Madre de Deus, Mooca, com recursos municipais. Qualquer outra conclusão se deu com recursos das famílias.
Quanto a ter posse das casas, pelo menos quando começamos já sabemos de quanto será o financiamento, portanto quanto vamos ter que pagar ao final do convênio."
Luci Valente, do Fórum dos
Mutirões (São Paulo, SP)

Decepção
"Foi muito decepcionante descobrir que os organizadores de um evento do porte da Bienal não se preocuparam em oferecer um atendimento adequado às pessoas com deficiência.
Não há estacionamento apropriado. O acesso às bilheterias requer fôlego de atleta, em virtude da rampa muito íngreme e de uma corrente com cadeado obstruindo a guia rebaixada. O único sanitário feminino parcialmente adaptado a cadeiras de rodas estava quebrado e não possui barras de apoio.
Ao contrário do que ocorre em países civilizados, não havia um serviço adequado de empréstimo de cadeira de rodas. A única disponível era de lona. Além do mais, os deficientes têm de usar o elevador de carga."
Ana Maria Morales Crespo, coordenadora-geral do NID -Núcleo de Integração de Deficientes (São Paulo, SP)

Agricultura
"A finalidade desta é cumprimentar a Folha e o jornalista Aloysio Biondi pela já frequente abordagem a respeito das questões com que se defronta a agricultura nacional e suas propostas de solução.
A Folha é um dos poucos ou talvez o único órgão de imprensa importante que, de forma isenta e objetiva, tem tratado do assunto agricultura com profundidade e sem subterfúgios."
Antonio Mazurek, diretor-secretário do Sindicato Rural do Distrito Federal (Brasília, DF)

Gafe
"Gostaríamos que no Dia do Médico fôssemos homenageados pelas boas coisas que fazemos e não pelas lembranças de nossos erros ou nossas falhas, como fez a rede Drogasil.
Deveríamos ser lembrados pelas crianças que salvamos ou pelas doenças curadas, não pela péssima letra com que escrevemos as receitas.
Temos certeza de que a Drogasil nos homenageou com a melhor das boas intenções, mas infelizmente cometeu uma gafe imperdoável."
Cesar S.L. Colaneri (São Paulo, SP)

Outro debate
"Sobre a reportagem 'Violência em São Paulo' (12/9): foi o jornalista quem sugeriu o debate sobre idade penal e polícia municipal; a sra. Café e Alves não é especialista em segurança; o cel. Silva Filho comprovou que, embora o índice de violência esteja alto, não houve aumento; o cel. Oliveira declarou-se favorável à criação da Polícia Municipal; o início do debate girou em torno da impunidade em geral, e da falta de uma política de segurança; o cel. Silva Filho disse que existe uma hipocrisia em relação à violência no trânsito.
Em vista desses comentários, fica patente que o jornalista responsável pela 'Reportagem Local' participou de 'outro debate'."
Mauro Alves da Silva, diretor-presidente do Grêmio Social-Esportivo-Recreativo Sudeste (São Paulo, SP)

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